ENTREVISTA >> Andrew Silva, guarda-redes brasileiro de 21 anos, há duas épocas em Barcelos, conquistou logo no primeiro ano tudo e todos. Despertou a cobiça do FC Porto, que esteve para o contratar no final da temporada passada.
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Tal como em campo, também fora dele Andrew Silva revela uma maturidade acima da média, como prova esta entrevista a O JOGO.
Esperava, na primeira experiência fora do Brasil, na Europa, e no primeiro ano de sénior, assumir a titularidade na baliza do Gil Vicente?
-Não esperava tão cedo. Trabalho sempre para, quando a oportunidade aparecer, estar pronto. Tinha a esperança de que, a qualquer momento, tal poderia acontecer, não de ter uma sequência seguida, mas de ir jogando uns jogos. Tive a oportunidade, correu bem, mas reconheço que a estreia na I Liga foi para mim uma surpresa. Porque esperava ter essa oportunidade, mas não numa fase tão importante que a equipa estava a atravessar.
A sua estreia foi no Estádio da Luz. Como se sentiu quando entrou num palco daquela dimensão?
-É um estádio fantástico do futebol mundial. Em todos os desportos, queremos sempre jogar em grandes estádios. Para mim foi especial por estrear-me ali e logo com uma vitória. Foi marcante para mim, para a minha carreira. São daquelas histórias que ficam marcadas para sempre. Quando me reformar e estiver no Brasil com a família e os amigos, será uma das histórias que vão ser contadas.
Na altura tinha 19 anos. Como foram os seus primeiros momentos em Barcelos e no Gil Vicente?
-Tive o normal receio de sair de casa, de junto da família, do meu país. Com a expectativa de como seria recebido cá. Mas quando cheguei ao clube foi maravilhoso. Todos me receberam muito bem e isso facilitou muito a minha adaptação.
Quando chegou, era a terceira escolha para a baliza e chegou a dizer-se que podia ir jogar nos Sub-23. Entretanto, tudo mudou e ganhou o lugar a um guarda-redes do nível e experiência do Kritciuk. Como foi a vossa relação a partir daí?
-Eu vinha de uma intervenção cirúrgica e na altura tive total apoio do Kritciuk, do Brian e do César, o treinador dos guarda-redes. No caso do Kritciuk, que também acabou por se lesionar, viu-se a tristeza dele por ter que sair de campo por causa de uma lesão, mas em momento algum colocou essa tristeza em cima de mim. Ele deu-me moral, disse que eu era capaz. Foi num jogo [em Famalicão] e sabemos como é difícil entrar de repente, a frio, mas ele deu-me apoio total.
Fez grandes exibições em vários jogos, mas nota-se que tem uma particular apetência para os jogos grandes. Há alguma razão para isso? Esses jogos puxam mais pela sua motivação?
-Não. Pelo contrário. Trabalho igual para todos os jogos, não só para uma partida. Trabalho para o crescimento durante toda a minha carreira. Claro que esses jogos grandes acabam por criar mais expectativas junto das pessoas. E também nós próprios, guarda-redes, temos mais trabalho e, por isso, acabamos por ser mais falados. Fiz sempre bons jogos, tenho uma regularidade num nível alto, que é importante para um guarda-redes.
A regularidade é mais importante do que fazer grandes jogos contra os grandes? Não se considera um guarda-redes só para os jogos grandes?
-Não me considero um guarda-redes só para os jogos grandes. Considero-me um guarda-redes altamente regular, isso sim.