ENTREVISTA O JOGO e TSF, PARTE XI - Declarações de André Villas-Boas, candidato da Lista B às eleições do FC Porto
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Qual é a sua resposta aos que o acusam de ser um candidato que representa uma elite, de ser o candidato da Foz, de uma zona rica da cidade?
-Em primeiro lugar, dá-me muito gosto de estar aqui na rua Tenente Valadim, porque foi aqui, na Boavista, que eu fui criado, morávamos no Campo Alegre. Portanto, aí já é um primeiro tiro falhado. Nasci na Lapa, na freguesia de Cedofeita, e morei até os três anos no Campo Alegre. A partir daí vim morar para a rua Tenente Valadim, foi aqui que me cruzei aos 16 anos com o Sr. Bobby Robson, que mudou radicalmente a minha carreira. O meu pai cresceu aqui também, em Tenente Valadim, e esta rua tem muito significado emocional. Portanto, pode ser que esta entrevista também tenha um grande significado emocional futuro.
Mas tem havido uma escalada na agressividade das críticas…
-É triste entrarmos nesse patamar. O Presidente eleito é o Presidente de todos os sócios do FC Porto. Os sócios que não têm capacidade de perceber isso, não querem o bem do FC Porto. Ainda esta semana ouvimos o António Oliveira, que é um grande portista, dizer que se a nossa candidatura ganhasse previa a maldição de Béla Guttmann para o FC Porto. Isto quer dizer que o António Oliveira quer o mal do FC Porto para o futuro se nós ganharmos? Ou seja, se ganhar outra candidatura num ato democrático, o António Oliveira quer que o FC Porto deixe de ganhar? Foi isso que disse? Enganou-se? Portanto, é com frases tristes e lamentáveis destas que vamos caminhando nesta candidatura.
Vai ser um dos desafios da sua presidência voltar a unir o clube que neste momento parece dividido?
-Eu não entendo isso de divisão.
Não acha que o clube está partido?
-Não, isto é um ato democrático onde há duas candidaturas muito fortes ao fim de 42 anos. E há escolhas e pessoas que decidem uma candidatura em detrimento de outra. É assim nas legislativas, é assim nos partidos e é assim também nos clubes de futebol. Isto não tem nada a ver com divisionismo, tem a ver com escolhas das pessoas baseadas na oferta de projetos. Eu não vivi, porque não tinha memórias, aos cinco anos, nem entendimento, nem acompanhava aos jornais, mas, 1982, isso é que foi divisionismo. Porque a eleição do Presidente, como todos bem sabem, implicou raptos a jogadores e a treinadores e, por muito bom que seja todo este legado, a realidade é que esse foi muito mais abrupto do que este. Este é democrático, é transparente, é coerente. Há pessoas que tentam levá-lo para a lama, nós tentamos elevar o discurso e manter as coisas e as nossas ideias e os nossos projetos bem orientados, bem claros relativamente ao futuro.