ENTREVISTA O JOGO E TSF, PARTE III - André Villas-Boas, candidato da lista B às eleições para a presidência do FC Porto, contesta a tomada de decisões estruturantes pela atual direção neste período eleitoral
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Falou de algumas decisões estruturais e estruturantes que estão a ser tomadas. Uma delas, assumida recentemente, foi a assinatura de contratos para a Academia da Maia. Esse ainda é um processo reversível?
-Não sei. Será tudo analisado a posteriori. Importa-me perceber com que velocidade é que eu consigo ter uma infraestrutura pronta. E aqui chamo infraestrutura para não chamar Academia e Centro de Alto Rendimento, onde temos opiniões diversas. O FC Porto tem necessidade de ter uma infraestrutura imediata que corresponda às necessidades do clube atualmente, que são grandes e deficitárias. Quando eu arranquei com este projeto, em 2022, na preparação desta candidatura, não havia conversas sobre a Maia. O FC Porto estava em vias de rescindir os contratos que tinha para uma academia em Matosinhos, estava a tentar a resolução desses contratos. Enquanto candidato, para construir uma candidatura forte, tive de olhar para o que é que se passava neste campo. Quando estamos com tantos anos de atraso, interessa-me sobretudo velocidade de execução da obra. E o que me parece com a Maia, não desvalorizando a obra, é que podemos deparar-nos novamente com alguns atrasos relativamente à construção. Depois, há que ter em conta a situação financeira limite do clube. E por muito que nós gostássemos de uma cidade do futebol, acho que não é o caminho uma construção tão grande nesta fase. Poderá ser no futuro, mas não agora. Daí que, como há a urgência de a equipa principal e profissional do FC Porto ver as suas condições revistas, a minha opção é um Centro de Alto Rendimento que respeita também as modalidades profissionais, construindo um pavilhão de treinos para as mesmas. Isto porque, se nós olharmos a dois anos e se pensarmos que queremos adicionar futsal, voleibol masculino ou equipas de formação às nossas modalidades, temos que corresponder também com um pavilhão nas nossas infraestruturas. Portanto, a Maia só começou a ser tema muito mais tarde. Agora, eu fico profundamente desagradado com a urgência do Sr. Presidente em terminar estas ações, porque me dá a entender que está a ultrapassar os reais interesses do FC Porto. O Presidente terá os mesmos números que eu tenho relativamente ao ato eleitoral em termos de sondagens e custa-me ver que estas decisões estejam a ser aceleradas e que esteja a vincular o futuro do FC Porto quando outras direções podem ter opiniões totalmente diferentes.
E que números são esses, dessas sondagens?
-Eu não os queria partilhar aqui, mas são números que nos dão a vitória. Claro está que depois no dia das eleições as pessoas poderão ser influenciadas emocionalmente ou racionalmente no seu voto, porque há sempre fatores que contam a favor ou contra. E ainda agora tivemos uma notícia que nos chocou bastante porque, neste momento, dos 75 mil sócios com capacidade eleitoral, só 30 mil é que estão com as suas quotas em dia para votar. Ou seja, há 45 mil sócios que não têm a sua quota de março regularizada e que não estão em capacidade votante. Podem regularizá-la no dia, mas aqui o meu alerta é para que o façam antes porque senão iremos ter problemas operacionais para renovarem no dia.
André Villas-Boas está preocupado com o número de sócios que ainda não atualizaram a quota de março e apela a que todos o façam em tempo útil para poderem participar de uma decisão “histórica”.
Estamos a falar em bem mais de 50% dos sócios…
-Sim. Por isso que não deixem de regularizar as suas quotas imediatamente, para que possam ter capacidade e exercer o seu direito de voto. Agora, é por conta disto que me choca esta aceleração de decisões, uma falta de respeito com uma outra Direção que pode liderar o FC Porto. Porque aqui, apesar de o Presidente estar em plenos poderes, a SAD evidentemente terminou o contrato a 31 de dezembro de 2023. Portanto, está em gestão. Custa-me que o Presidente esteja a tomar estas decisões de forma tão leviana.
Os números dessas sondagens que têm e que pensa que a lista de Pinto da Costa também terá, dão-lhe a vitória por que margem?
-São por números que dão conforto. Agora, vamos ver. Não quero hastear a bandeira da vitória porque há coisas que só se decidem no dia e principalmente tendo em conta o que acabamos de falar. Quando esperamos que votem pessoas que nunca votaram num ato eleitoral do FC Porto, ou seja, que o número de pessoas que nunca votaram é superior ao número de pessoas que já votaram numas eleições, assusta-me que 45 mil sócios ainda não tenham a sua quota regularizada para se tornarem elegíveis para votar. Portanto, é preciso bater nesta tecla porque se calhar estão nestes 45 mil as pessoas que poderão ditar a mudança. Se estamos a falar de 30 mil, se calhar todos os números se aproximam e podemos ter aqui uma interpretação totalmente diferente.
Confia no processo eleitoral ou tem receio que as coisas possam correr mal?
-Confio no ato eleitoral. Temos tido boas comunicações com o Dr. Lourenço Pinto. Há que ter consciência de que é um ato eleitoral muito emocional. Não só por conta da pessoa que está do outro lado, a candidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa, como pela força que esta candidatura ganhou e os números que ela ganhou. Portanto, é muito importante que corra tudo de forma transparente, que não haja um mínimo de distúrbio sequer parecido com a Assembleia Geral de 13 de novembro. Que as pessoas sejam respeitadoras de opiniões diferentes, que haja liberdade de expressão, que haja disciplina, respeito, transparência, calma e que não andemos aqui a pôr em causa um ato eleitoral tão importante.