"André Franco está no sítio certo e no bom caminho para se tornar um jogador mais completo"
O médio reencontra sexta-feira o Estoril, equipa onde esteve quatro épocas, a última das quais com recorde de jogos, golos e assistências. Bruno Pinheiro treinou Franco nos estorilistas e fala de um jogador que rende mais no corredor central, mas que está no clube e com o treinador certo para melhorar a maior lacuna: a agressividade.
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O jogo de sexta-feira é especial para André Franco. O médio representou o Estoril durante quatro épocas e as grandes exibições valeram a transferência para o FC Porto. A última foi mesmo a melhor que realizou, tendo batido o recorde pessoal de jogos (38), golos (11) e assistências (4).
Bruno Pinheiro foi quem o treinou nas duas épocas anteriores e, contactado por O JOGO, o atual selecionador olímpico do Catar refere-se ao médio com entusiasmo. "Antes de falar futebolisticamente, tenho de falar do ser humano. É muito fácil trabalhar com ele. É muito amigo dos amigos e muito alegre", elogia o antigo técnico do Estoril, destacando a capacidade que Franco tem para ouvir "o que o treinador diz".
Foi pelas qualidades futebolísticas, porém, que o FC Porto se enamorou. Nada que surpreenda Pinheiro. "É um jogador que tem características muito particulares, porque tecnicamente é muito bom, tem uma boa visão de jogo e uma excelente compreensão do jogo. Ele é um 10, mas no futebol atual o número 10 acaba por se descaracterizar. Esses jogadores gostam imenso de ter a bola nos pés, mas as equipas fecham-se imenso e aquele espaço entre linhas quase não existe", explica, revelando o trabalho que fez com o médio. "Connosco, o André percebeu que tinha de pisar determinadas zonas e que tinha de ter mais golos e mais assistências. Trabalhámos isso e ele aceitou sempre muito bem. O resultado foi a transferência merecida para o FC Porto", salienta.
Na época em que foi treinado por Bruno Pinheiro, "o Estoril jogava num 4x3x3 com um médio-defensivo e dois ofensivos". "O André jogava na posição 8 ou 10. Foi aí que teve sucesso, quando percebeu os espaços que tinha de pisar, como receber a bola em situações mais vantajosas, com mais tempo e espaço. A partir daí, marcou golos, fez assistências e teve um impacto muito grande nos resultados do Estoril", destaca o treinador, recordando que também apostou nele para as alas, algo que tem acontecido com regularidade no FC Porto. "Comigo fazia isso na fase final dos jogos, quando precisava de manter a posse de bola e refrescar o meio-campo. Mas, pessoalmente, acho que é mais jogador de corredor central. Nas alas não tem explosividade e fica muito limitado", justifica Bruno Pinheiro, lembrando o que se passava com Fábio Vieira, entretanto transferido para o Arsenal. "Sei que o André era visto como o substituto do Fábio Vieira, que também jogava muitas vezes na linha", afirma.
Além de ver André Franco a jogar mais pelo meio, Bruno Pinheiro dá ainda conta de um aspeto em que o médio pode melhorar. "É muito bom a fechar espaços, mas mais fraco nos duelos. Com Sérgio Conceição e no FC Porto, com o ADN do clube, pode desenvolver essas características e crescer como atleta. Está no sítio certo e no bom caminho para evoluir e para se tornar um jogador mais completo e ainda mais competitivo", vinca.
À espera da estreia na Champions
Utilizado no campeonato, na Taça de Portugal e na Taça da Liga, André Franco continua a aguardar pela estreia na Liga dos Campeões. À exceção dos guarda-redes Cláudio Ramos, Samuel Portugal e Francisco Meixedo, o médio é mesmo o único jogador de campo que ainda não foi utilizado na maior prova de clubes organizada pela UEFA, numa lista que já conta com 23 nomes. Vasco Sousa também ainda não tem minutos na prova, mas o médio faz parte da Lista B.