Vinda do Campeonato de Portugal, a equipa do Amarante é líder. Armando Silva diz que a chave é a união de um grupo com muitos anos. No horizonte está já o duelo contra o Sporting, para a Taça de Portugal
Corpo do artigo
Com o título de campeão do Campeonato de Portugal, o Amarante chegou à Liga 3 e manteve a dinâmica de vitórias (sete em dez jogos), que lhe garante a liderança da série A. Segundo Armando Silva, a equipa de Álvaro Madureira está a colher os frutos de alguns anos de trabalho em conjunto e esta campanha surpreendente prova isso. Aos 29 anos, o lateral, que joga nos dois corredores, nunca conheceu outro clube na carreira e diz-se feliz na terra natal. Expectativa de enfrentar pela primeira vez um grande na Taça de Portugal, neste caso o Sporting, é enorme.
O Amarante alcançou a terceira vitória seguida diante da Sanjoanense, com um autogolo nos descontos. Estão com estrelinha de campeão?
-Trabalhámos todas as semanas com o mesmo objetivo, de entrar para vencer. Estamos a passar uma boa fase, temos o grupo unido, já jogámos há muito tempo juntos e isso torna-se mais fácil durante os jogos. Já são algumas vitórias seguidas, estamos em primeiro e tem-nos corrido bem, num campeonato novo, em que estamos a ter sucesso. Contra a Sanjoanense foi um jogo dividido, tanto podia dar para um lado como para o outro e caiu para nós. Tivemos sorte no fim, mas conseguimos os três pontos com muito trabalho, dedicação e persistência.
Em dez jogos, perderam apenas dois e empataram um. Esperavam um arranque tão positivo?
-Se nos perguntassem se estávamos à espera disto, que ia correr assim, não estávamos à espera, mas olhando para o nosso plantel, equipa técnica e estrutura, que já vem de alguns anos, estamos a colher os frutos de um trabalho que não é só deste ano. Sabemos das nossas qualidades, todos juntos e unidos, as coisas tornam-se mais fáceis porque não temos nenhum Ronaldo.
Por terem vindo do Cdp, pode dizer-se que esta é a equipa sensação da Liga 3?
-Não somos equipa sensação. Neste momento, estamos em primeiro e temos de continuar com esta postura: humildes e trabalhadores. Ainda nada está feito. Basta ter duas ou três derrotas, caímos logo e já ninguém fala no Amarante. Esta divisão é muito competitiva, nenhum jogo é fácil e quem quiser os três pontos tem de suar muito. Não nos podemos iludir, temos sempre os pés bem assentes na terra, pois só assim podemos continuar nesta posição.
Contra o Trofense há o reencontro com o Renato Coimbra, que na época passada foi campeão pelo Amarante. Será especial?
-É uma equipa como todas as outras, competitiva. Será mais difícil por ser fora e, nestas segundas voltas, o ponto é ainda mais complicado. O mister Renato ajudou-nos muito, é um treinador que nós, amarantinos, vamos guardar no coração, porque atingimos marcas bonitas. Fomos campeões nacionais e estivemos alguns anos juntos. Será diferente, mas depois do jogo desenrolar ninguém pensa nisso.
E depois virá o jogo mais mediático frente ao Sporting. Quais as expectativas para Alvalade?
-Claro que é sempre um jogo especial. Já jogo no Amarante há 11 anos como sénior, já apanhámos algumas equipas de I Liga [Gil Vicente, Marítimo e Arouca], mas nunca um grande. É sempre bom jogar contra os melhores jogadores, que vimos na televisão diariamente. Ir a Alvalade, viver aquele dia, será sempre uma experiência muito boa. Vamos tentar dar o nosso melhor perante um adversário que tem muita qualidade, mostrar o nosso futebol e trazer o melhor resultado.
Será um Sporting menos forte sem o Rúben?
-Quando o Amorim sair, não é no espaço de uma semana que se vai notar grande diferença. Neste momento é a melhor equipa a jogar em Portugal, com grandes dinâmicas e vão-nos criar muitas dificuldades. Têm alguns jogadores de seleção e um ritmo muito diferente do nosso.
Aos 29 anos nunca saiu do Amarante, porquê?
-Entrei com dez anos. Fiz cá toda a formação, consegui trabalhar para ficar nos seniores e tento dar sempre o meu melhor, independentemente das ideias dos treinadores. Passaram muitos jogadores por aqui e eu tento passar aos novos o que é o Amarante, que é um clube familiar e acolhedor. Faço parte dos capitães [Diogo Vila, João Filipe e Didi são os outros] e tento passar essa cultura. Este é um clube que respira futebol e tem uma relação próxima com os adeptos.
Confusão com o irmão gémeo fê-lo trocar de posição dentro de campo
Armando Silva partilhou o balneário do Amarante com o irmão gémeo, Carlos Silva, durante o início de carreira. Apesar de ter feito formação como lateral-direito, o jogador de 29 anos fixou-se no corredor contrário, devido a uma confusão. “Na formação, jogava na direita e o meu irmão na esquerda. Quando subimos a seniores, o mister Pedro Pinto disse para passar para a esquerda e o Carlos para a direita. Por sermos gémeos, o treinador confundiu e nós caladitos, fomos. Depois fixei-me nessa posição, já que até sou pé direito”, explicou Armando, que agora tem o irmão como capitão do Vila Caiz. Sobre a época mais marcante, assume que foi a última. “Vivi emoções que nunca pensei. Ser campeão no Jamor e subir de divisão são patamares que trabalhámos todos os dias para atingir, mas nem sempre é possível”, recordou.