Álvaro Madureira diz que a equipa que comanda é surpresa da fase de subida por ser a única vinda do CdP. O treinador, de 39 anos, chegou do Tirsense para substituir Renato Coimbra, que tinha vencido o CdP pelo Amarante. Esta é a segunda experiência de Madureira na Liga 3, após o V. Guimarães B.
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O objetivo permanência na Liga 3 estabelecido pelo Amarante está cumprido. Agora, diz o treinador Álvaro Madureira, tudo o que vier será positivo, uma vez que a equipa que comanda é a única na fase de subida que na época passada jogava no Campeonato de Portugal. Contra o Vilaverdense, o Amarante voltou a vencer (1-0), quase dois meses depois. Apesar de o momento não ser o melhor, o treinador considera que o apuramento foi conseguido com mérito, ou não fosse o segundo clube mais regular da Série A.
O Amarante foi a única equipa do CdP a garantir a fase de subida. É a grande surpresa da Liga 3?
-Sim! No início da época, se calhar ninguém contava com isto, mas acabámos por deixar uma imagem positiva e começaram a olhar para o Amarante de maneira diferente. Acabámos por ser o outsider que consegue chegar à fase final do apuramento de subida.
Qual foi a chave para vencer o Vilaverdense? Foi um jogo de nervos?
-Foi um jogo em que, acima de tudo, tínhamos uma carga emocional muito grande, já que era obrigatório ganhar. Enfrentámos um adversário que tem valor, em condições atmosféricas adversas, e tivemos vários ingredientes para tornar o jogo ainda mais memorável. Foi um jogo com muita luta, dedicação e entrega. A bola rolava pouco, havia muito vento à mistura e tivemos de trazer ao de cima tudo o que temos de bom para conquistar os três pontos.
Os adeptos também foram importantes?
-Sim, sem dúvida. Tivemos mais de 400 pessoas a apoiar. Mesmo sendo fora, parecia que estávamos a jogar em casa. Tivemos um apoio incondicional, os amarantinos sentiram que nos poderiam ajudar bastante ao longo de toda a época. Tiveram um papel importante e neste último jogo disseram presente. Foram claramente uma força extra.
Apesar do apuramento, estiveram quase dois meses sem vencer. Que motivos encontra para esta quebra?
-É verdade, mas faz parte. Há ciclos positivos, outros menos positivos. Todos os clubes passam por isso, uns no início, outros no final. Contudo, penso que fomos uma das quatro melhores equipas do campeonato, apesar dos piores resultados no passado recente. Só numa jornada é que estivemos fora dos quatro primeiros, fomos a segunda equipa mais regular da prova. A primeira foi o Fafe, que nunca saiu dos quatro primeiros. O Lourosa faz uma recuperação inacreditável e o Varzim também foi estando nos primeiros quatro, mas com menor regularidade do que nós. No fundo, todas as equipas passaram por períodos conturbados. Felizmente conseguimos cumprir o objetivo da permanência.
Chegados a esta fase têm condições para sonhar com a II Liga?
-Somos claramente outsiders, mas temos ambição, queremos dignificar o clube e ser competitivos. Vamos jogar todos os jogos para tentar vencer, mas sem a responsabilidade de lutar pela subida de divisão.
Quais são os favoritos a subir de divisão?
-É um tiro no escuro. Viu-se na nossa série que o equilíbrio é muito grande. Não conheço ao pormenor a outra série, mas também me pareceu bastante equilibrada. É muito difícil dar um palpite porque todas as equipas me parecem habilitadas para ganhar, seja em casa ou fora.
O Amarante é a melhor defesa da Liga 3; essa é a principal arma da equipa?
-Tentámos ter a nossa baliza a zero o mais tempo possível. Temos sido competentes nesse momento do jogo e queremos continuar assim, se possível atingindo a baliza do adversário.
Há alguma posição que seja necessário reforçar?
-Estamos a trabalhar nesse sentido, de acrescentar. Também tivemos saídas e teremos de colmatá-las. Nada está definido, mas vamos precisar de alguém para o meio-campo.
Que motivos o levaram a escolher o Amarante quando deixou o Tirsense?
-A ambição com que me apresentaram o clube, a vontade de trabalhar, de fazer algo bonito e que deixasse Amarante orgulhosa. A cidade tem demonstrado isso, está com o clube e há uma energia positiva no ar. O balanço que faço é bastante positivo, agora é tentar dar-lhe continuidade na fase de subida e mostrar bom futebol.
Goleada sofrida em Alvalade permitiu ganhar “maturidade”
O percurso do Amarante esta época ficou marcado por uma visita a Alvalade, jogo da IV eliminatória da Taça de Portugal que acabou em goleada de 6-0, mas que, segundo Madureira, teve aspetos positivos. “É sempre uma vivência que nos traz muita coisa. É um nível competitivo em que toda a gente quer estar. Todos trabalham para estar na I Liga e esse jogo deu-nos a possibilidade de jogar contra o melhor Sporting que vi jogar”, destacou. “Percebemos que há muito trabalho a fazer, mas fez-nos crescer, ganhar uma maturidade competitiva diferente”, salientou. O treinador, de 39 anos, sente que este “é o momento mais alto da carreira”, mas quer continuar a subir degraus. “Estive vários anos ligado à formação, o meu objetivo é crescer e chegar à primeira e segunda ligas”, vincou.