Rendeu 15 milhões numa operação feita em março, que o leva para junto da família. Álvaro Djaló abre o coração sobre uma época com momentos extasiantes
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Dos 17 aos 24 anos, dos sub-19 à equipa principal, Álvaro Djaló escreveu uma ascensão meteórica em Braga, fazendo disparar a cotação em duas épocas, a última com números impactantes, graças aos 16 golos. Deixa o Minho a troco de 15 milhões, que engordam as contas da SAD minhota, e ruma ao País Basco, para o Athletic, ele que até crescera em Bilbau.
A gozar férias antes de enfrentar o novo capítulo, o extremo recordou a O JOGO memórias das épocas recentes no emblema que o projetou. “O Braga representou tudo, deu-me tudo! Consegui levantar uma Taça neste clube, algo com que sonhava desde que cheguei. E desfrutei de outro dos meus sonhos, que foi jogar a Champions. Serei sempre grato e tenho pena de deixar o Braga, mas a vida é assim. Ficam memórias de ótimos colegas, ótimas relações feitas em cada escalão”, frisou Djaló, figura dos guerreiros na primeira metade da época, fazendo 12 golos até final de novembro.
Despertou, por isso, atenções na Europa, e foi até citado para uma pré-convocatória de Luís de la Fuente, selecionador espanhol. “A época foi boa, mas podia ter acabado com melhores números. Também aprendi muito no primeiro ano em que joguei sempre. Evoluí imenso, mas já acabara a outra época com a sensação de que podia ter dado mais. Fica essa sensação, mas estou muito feliz pela evolução. Ano após ano, foi sempre a tentar partir pedra”, destacou Djaló, 88 jogos e 21 golos pelo Braga em duas épocas. “Aquilo que trabalhei consegui pôr em prática no campo. Marquei vários bons golos; não consigo eleger um entre os que fiz ao Portimonense, Panathinaikos, Real Madrid ou Sporting”, rebobinou, lembrando alguns dos momentos de eleição que levaram a Pedreira ao rubro.
Djaló também viaja pelos estímulos com que entrou em cena em 2023/24, a febre de se tornar um jogador especial e vital. “Tudo começa numa boa pré-época, que me deixou confiante. E confiança também sentia do treinador e dos colegas. Comecei a soltar-me e acho que todos notaram que tinha muita fome, que procurava muito mais a ação e a decisão. Não me conformava só por jogar, queria ser o destaque da equipa, e consegui isso ao longo da época”, atestou o extremo espanhol, que acabou por assinar pelo Athletic e perdeu protagonismo no Braga, caindo no banco algumas vezes. “Não vejo que tenha sido qualquer quebra de confiança, ela existiu sempre. Foram opções de treinador, que tive de respeitar”, admitiu Djaló, reagindo também a um certo espevitar de consciência largado por Artur Jorge quando este disse que cabia ao atacante escolher como queria sair de Braga: de forma murcha ou radiosa.
“Sinceramente, isso não mexeu comigo. Sei o que trabalhei ao longo do ano, as exigências do clube, e sempre dei o melhor. Sabia que, mais tarde ou mais cedo, voltaria a jogar, fosse com Artur Jorge ou com Rui Duarte, que entrou depois. Acabei como titular, tudo normal, e saí em grande, como queria!”, enalteceu Djaló, recuando a uma quebra coletiva e ao efeito Rui Duarte, entre estímulos e uma dor imensa que apanhou o timoneiro. “A quebra deu-se pela acumulação de jogos, era óbvio que podíamos quebrar. Os golos sofridos acontecem, todos deram o seu melhor. A ambição internamente foi sempre alta, era incutida e exigida. Chegou o míster Rui que nos fez entrar na sintonia dele, tudo começou bem, mas veio o episódio triste da morte do filho. Tentámos dar a nossa recompensa, jogo a jogo, atrás do objetivo”.