Alterações drásticas, drama e ressureição: o ano do Sporting foi uma montanha-russa
Sporting sobreviveu a um ano equivalente a uma montanha-russa para entrar em 2019 nas quatro frentes, tal como tinha sucedido em 2018.
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Das eufóricas celebrações pela conquista da Taça da Liga ao fundo do poço e, daí para a frente, uma ressurreição das cinzas como uma fénix. Repleto de alterações drásticas e de acontecimentos de alta carga dramática, o ano de 2018 do Sporting foi uma autêntica montanha-russa cuja última paragem, em Santa Maria da Feira, devolveu os leões à casa de partida. Isto porque, tal como tinha sucedido em 31 de dezembro de 2017, a formação lisboeta vai entrar no novo ano a disputar as quatro frentes: Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa. A única diferença a registar passa pela posição no campeonato, pois, neste momento, o Sporting ocupa o terceiro lugar a cinco pontos do líder FC Porto, enquanto no ano passado, por esta mesma altura, repartia a liderança da prova com os dragões.
Os sorrisos, triunfos e gestos de felicidade de rostos bem diferentes dos atuais marcaram os primeiros meses de 2018 do clube de Alvalade, onde a inédita conquista da Taça da Liga (janeiro) após o desempate por penáltis diante do V. Setúbal e a "recondução" de Bruno de Carvalho (fevereiro) na presidência com quase 90% dos votos pareciam conduzir a um futuro risonho. Puro engano.
A partir do mês de abril, a guerra movida por Bruno de Carvalho contra os jogadores e equipa técnica, após a derrota com o Atlético de Madrid, originou uma descida aos infernos na parte desportiva - eliminação da Liga Europa e terceiro lugar na Liga - e um consequente clima de hostilidade e frustração, que forneceria a "gasolina" ao infame ataque à Academia por parte de adeptos ligados às claques leoninas, a 15 de maio.
Esse caso suscitou um autêntico terramoto em Alvalade com direito ao desaire na final da Taça de Portugal, à destituição de Bruno de Carvalho, à debandada de figuras-chave do plantel (ver peça ao lado) e à entrada em campo de uma Comissão de Gestão (CG) liderada por Sousa Cintra. Este, figura central de um novo "verão quente", convenceu Bruno Fernandes, Dost, Battaglia a desistirem dos processos de rescisão e a "reforçar" a equipa orientada por José Peseiro, o escolhido pela CG para suceder a Jorge Jesus, que rumou à Arábia Saudita.
As eleições de 8 de setembro culminaram com a chegada de Frederico Varandas à presidência (ver caixa) e com o princípio do fim de José Peseiro, que acabou demitido na madrugada de 1 de novembro após uma derrota caseira com o Estoril. Para o seu lugar - já após a curta estadia do interino Tiago Fernandes - chegou Marcel Keizer que, vencendo rapidamente a desconfiança inicial, se tornou no fabricante de sonhos dos adeptos do Sporting. Sob o seu reinado, iniciado no passado dia 24 de novembro, a equipa verde e branca somou oito vitórias em nove jogos (com 34 golos marcados), recuperou a alegria de jogar e dá indícios de que o voo da "fénix" se pode prolongar por todo o ano de 2019 e com títulos à mistura.
Varandas: da enfermaria à presidência vão cinco meses de distância
Na sequência do ataque à Academia, em maio, Frederico Varandas demitiu-se do cargo de chefe do departamento clínico do Sporting, que ocupava desde 2011, e, pouco tempo depois, desafiou Bruno de Carvalho a marcar eleições antecipadas, para as quais se assumiu como candidato. O ato eleitoral acabou por ser marcado após a destituição do ex-líder e, no passado dia 8 de setembro, Frederico Varandas acabou eleito como presidente do Sporting com 42,32% dos votos, batendo os concorrentes João Benedito, José Maria Ricciardi, Dias Ferreira, Rui Jorge Rego e Fernando Tavares Pereira.
Revolução ao nível dos rostos
Bruno de Carvalho, Jorge Jesus e três indiscutíveis titulares saíram de cena em relação ao primeiro jogo de 2019: 1-1, na Luz
Um ano foi suficiente para uma revolução ao nível dos quadros leoninos que poucos imaginavam em janeiro de 2018. No terceiro dia do ano que agora termina, o Sporting apresentou-se no Estádio da Luz com uma comitiva liderada por Bruno de Carvalho e com Jorge Jesus no comando técnico da equipa. Ao nível do relvado, Rui Patrício, William Carvalho e Gelson - que rescindiram os seus contratos por justa causa após o ataque à Academia - foram todos titulares no empate (1-1) frente ao eterno rival. Desse onze também "faltam" Piccini (vendido ao Valência) e Fábio Coentrão (que regressou ao Real Madrid após o final do empréstimo). A "razia" no plantel não se ficou por aí, pois Podence, Rúben Ribeiro e Rafael Leão também rescindiram os respetivos contratos na sequência dos incidentes verificados em Alcochete.
Taça "voou" para Vila das Aves
Outra onda de choque provocada pela invasão à Academia foi a derrota na final da Taça de Portugal frente ao Aves (1-2), que foi disputada cinco dias após o ataque. À época, a presença da equipa dirigida por Jorge Jesus (na foto) no Estádio Nacional chegou a estar em causa, mas tanto jogadores como equipa técnica optaram por entrar em campo por "respeito aos adeptos e ao adversário". Sem condições psicológicas e com apenas um treino disputado antes da final, os leões acabaram por falhar o assalto ao segundo troféu da época e sob uma enorme depressão.