Aloísio fala a O JOGO sobre Jorge Costa: "O maior representante da mística portista"
Aloísio formou dupla histórica com Jorge Costa, foram parceiros em toda a caminhada do Penta e estiveram juntos em 218 jogos. As saudades apertam e muito
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Uma história perfeita, repleta de títulos, de coexistência e irmandade nas diferenças. Aloísio formou com Jorge Costa uma dupla que durou várias temporadas, alicerce de muitas conquistas azuis-e-brancas. Estiveram em campo juntos em 218 ocasiões, foram embaixadores do Penta, cúmplices em cada título com Robson, Oliveira e Fernando Santos. A morte súbita de um irmão de campo é chorada no Brasil por Aloísio.
"Foi o jogador com mais tempo joguei, um dos melhores defesas que vi em Portugal. Como pessoa estamos a falar de uma perda absurda, alguém ainda muio jovem e com muito para dar ao futebol. Custa a notícia e custa ainda mais saber que não o voltaremos a ter connosco. É um sentimento horrível de tristeza e dor", desabafou o histórico central brasileiro, conhecido pelos pés de veludo nos desarmes, num estilo tão oposto ao jogo mais musculado do Bicho.
"Restam as boas memórias de tudo o que tivemos oportunidade de viver, de cada convívio com ele. Era carinhosamente tratado por Bicho, era grande também no tamanho do seu coração. Era muito sociável, educado e respeitoso", lembra Aloísio, pondo atenção nas caraterísticas vincadas que valeram lugar de culto no Olimpo do Dragão.
"Era um líder nato e, como tal, era natural o seu comando. Era o nosso capitão que ia à frente em todas as batalhas, encorajando e puxando pelos seus! Sempre amável fora do campo, e guerreiro em cada jogo", argumenta outro baluarte da história dos dragões nos anos 90.
Os elogios somam-se na saudade já imensa. "O Jorge sempre foi um jogador de caráter e personalidade, com o tempo lapidou a forma de jogar, deixou de ser aquele defesa que só marcava, refinou o seu futebol. E vimos um central de nível europeu e de grande qualidade", atesta o antigo central, passando a alegria de ter visto Jorge Costa regressar ao clube do coração.
"É muito difícil saíres e conseguires voltar ao clube com o qual estás identificado. Aconteceu com ele e fiquei muito feliz. Foi merecedor pela sua história na casa e por ter sido sempre uma ótima referência para várias gerações. A tão conhecida mística do FC Porto teve vários símbolos, jogadores que vestiam a camisola de forma diferente. Não só gostavam, como amavam o clube, era algo que existia e contagiava. O Jorge herdou isso e foi um grande transmissor. Fez-se o representante máximo da mística portista", reflete Aloísio, 61 anos, oito anos mais velho que o Bicho.
Descreve, por fim, a dimensão física que tornou o malogrado defesa, técnico e dirigente uma lenda universal. "Era fisicamente impressionante e era muito difícil fazer duelos com ele. Parecia não ser, mas era muito rápido. Não dá para esquecer como anulou Weah em San Siro, fez marcação homem a homem a um dos melhores do mundo. O Bicho era top!"