
FC Porto "convenceu" os "Big 5"
AFP
Jornalistas dos países com as cinco ligas mais fortes destacam Pepe e Oliveira. E rotulam dragões de equipa-sensação.
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Do percurso do FC Porto na Liga dos Campeões sobrou o reconhecimento internacional, depois de uma aparição nos quartos de final da competição vista com surpresa nos países com as ligas mais famosas da Europa, mas que os problemas causados ao Chelsea trataram de justificar.
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Sérgio Conceição merece natural destaque pela liderança da única equipa fora dos "big-5" a chegar tão longe na prova. E para os jornalistas dos países com os campeonatos mais poderosos consultados por O JOGO ficou na retina a "alma" com que o FC Porto abordou os jogos e que teve em Pepe e Sérgio Oliveira as principais figuras. A despedida, contra os ingleses, foi considerada inglória, à boleia do espetacular golo de Taremi e, acima de tudo, dos erros individuais cometidos na primeira mão. Lapsos que Luca Bianchin ("Gazzetta dello Sport"), Dominic Fifield ("The Athletic"), Régis Dupont ("L'Équipe"), Marco Hagemann ("DAZN") e Juan Pinto ("Diario de Sevilla") sustentam que não se podem cometer numa fase tão determinante da competição.
Em Itália, onde o FC Porto alcançou o brilharete de deixar pelo caminho a enacampeã Juventus, Luca Bianchin ficou com a impressão de que a equipa azul e branca tem "uma identidade muito forte". "Tem alma. Claro que não é a melhor do Mundo, mas nunca perdeu aquele sentido coletivo, é bem organizada, tem uma ideia de jogo muito definida e os jogadores lutam sempre juntos", refere o jornalista da "Gazzetta dello Sport". De resto, esta capacidade de superação também foi detetada em França, onde, segundo Régis Dupont, todos estavam convencidos de que os dragões cairiam aos pés da "Vecchia Signora". "O FC Porto de hoje não é o de antes", lembra o repórter do "L"Équipe". "Há uma grande diferença para o plantel de Lopetegui, Villas-Boas ou Mourinho. Chegar aos oitavos de final já seria bom, mas conhecemos a alma de Sérgio Conceição e sabemos que ele é capaz de aumentar o nível de uma equipa normal", nota.
Desempenho na eliminatória com a Juventus é descrito como "fascinante" e os pecados cometidos no jogo em "casa" frente ao Chelsea apontados como capitais para o fim do sonho nos "quartos"
A despedida deu-se em Sevilha, onde Juan Pinto trabalha diariamente e onde viu um FC Porto pecador na primeira mão, disputada na condição de visitado. "Cometeu erros na defesa e isso complicou muito a eliminatória. Pelo caráter e pelo orgulho que tem como equipa e como clube ainda tentou dar a volta, mas não foi suficiente", opina o repórter do "Diario de Sevilla", opinião partilhada pelo inglês Dominic Fifield. "O golo do FC Porto nos descontos acabou por ser um pouco surpreendente. Foram uma equipa difícil de quebrar e organizada, mas talvez não tão ambiciosa como teria de ser para ferir o Chelsea", alega o jornalista do "The Athletic".
Apesar de a campanha ter terminado antes do desejado, Marco Hagemann, que trabalha na alemã "DAZN", considera que os portistas devem "ficar muito satisfeitos com o que conseguiram". "É uma deceção ser afastado, mas, no fim do dia, eles lutaram e tentaram tudo, pelo que devem ficar satisfeitos com os "quartos" e com os grandes momentos nos dois jogos com a Juventus", apontou.
Três ex-campeões tombaram
Os números confirmam a excelente Liga dos Campeões realizada pelo FC Porto. Se, em termos desportivos, a equipa superou o objetivo inicial, que era passar a fase de grupos, a nível monetário, o encaixe milionário vai ajudar bastante no equilíbrio das contas. Juntando o valor do "market pool" aos prémios pagos pela prestação em campo, o cheque será de 75 milhões de euros. Foram seis vitórias (metade contra ex-vencedores da Champions: Marselha, Juventus e Chelsea), um empate e três derrotas, sendo que em 60% dos jogos o FC Porto não sofreu golos.
