Alexandrina Cruz: "Uma descida de divisão tem um impacto de cinco ou seis anos"
Declarações de Alexandrina Cruz, presidente do Rio Ave, durante o Thinking Football.
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Dificuldades no Rio Ave: “Têm sido tempos verdadeiramente difíceis. Foram os anteriores, até chegarmos aqui, mas este tamanho difícil é um tempo de muita transformação. Se calhar, para perceber todo o processo, é importante fazer uma retrospetiva. Estou no Rio Ave há 20 anos, 19 deles responsável pela área financeira. Muito perto da decisão de como as coisas de faziam. Tivemos um tempo muito bom. Entrei em 2004. Foi um tempo difícil numa fase inicial, mas depois um tempo de muito sucesso. Em seis épocas, tivemos quatro presenças europeias. E depois, há uma descida de divisão marcante no que é hoje o presente do Rio-Ato. Confesso que, nessa altura, talvez umas duas épocas antes, comecei a olhar para o Rio Ave de uma forma diferente, não só do ponto de vista financeiro e da responsabilidade financeira, mas muito do que estava a ser construído. Como eu via o futuro do Rio Ave no futebol. O que se passou é sinónimo (para a grande realidade dos clubes portugueses. Devemos olhar com cuidado ao que aconteceu ao Rio Ave. Teve uma altura de muito sucesso, muito sucesso desportivo e financeiro. E, numa época, não foi uma época, mas foi a época em que aconteceu, a época de descidas de divisão, foi por coincidência, a época com o maior investimento financeiro e com o maior orçamento da história do. Foi uma época em que tudo correu mal”.
Constituição da SAD: “O futebol é um negócio. E, por isso, não olharmos para o futebol como um negócio e não olharmos para a sustentabilidade do negócio, ainda por cima, em que grande parte depende da bola entrar ou não... se não o planearmos bem, é relativamente fácil acontecer o que aconteceu no Rio Ave. Ainda antes de descermos de divisão, a SAD já era tema, já havia dados em que era fundamental para crescermos. Com as quatro presenças europeias, tivemos muitas dores de crescimento. Vimos que, para crescer, precisávamos de mais. A procura de parceiros começou ainda antes de eu assumir a presidência. Depois, descemos de divisão e ficou tudo ainda mais complicado. Deparámo-nos também com uma política desportiva, na minha opinião, complicada, que, de alguma forma, inviabilizava a sustentabilidade financeira. Eu digo muitas vezes que uma descida de divisão tem um impacto de cinco ou seis anos e já com uma solução”.
Se acha que foi a melhor decisão: “Não tenho dúvidas que o caminho era este. Não tenho dúvidas que era o caminho certo e o caminho que o Rio Ave precisava. Eventualmente, podia ter sido feito noutras circunstâncias. Esta operação do Rio Ave é uma operação muito cara. Efetivamente, no momento em que o Rio-Afro estava, financeiramente muito debilitado, com duas janelas fechadas, o que está a acontecer hoje no Rio Ave era absolutamente necessário. Talvez pudesse não ter sido desta forma tão forte, mas ia acontecer”
Se está satisfeita com o investidor: “Sem dúvidas, sim. Não tenho dúvida nenhuma. No negócio é preciso ter sorte. É preciso procurar sorte, mas também é preciso ter. E o Rio Ave teve com a solução que teve. É uma época de muita transformação, muito fruto do que foi, fruto não só da dificuldade financeira, mas de duas janelas do mercado fechadas. Além de toda a transformação, toda a entrada dos jogadores, a transformação dos departamentos que não tínhamos, e que para nós era fundamental que tivéssemos... Em 2024, falar de um clube de I Liga que tem quatro presenças europeias em seis anos e não ter um departamento de scouting... verdadeiramente não tínhamos e é, na minha opinião, fundamental para o negócio. Estamos a fazê-lo, estamos a construí-lo, na minha opinião de forma muito competente.