Ainda o Arouca-FC Porto: dragões estranham que o problema não fosse levantado em maio
Festas da vila podem obrigar ao adiamento de um jogo em que os dois clubes concordaram com a data marcada pela Liga
Corpo do artigo
A polémica em torno do Arouca-FC Porto, da sétima jornada do campeonato, promete continuar. Com o calendário super carregado devido ao início da Liga Europa, os dragões têm datas a curto prazo para reagendar a partida e não entendem como é que a questão da Feira das Colheitas - que se realiza de 25 a 28 deste mês - não foi levantada em maio, na reunião que a Liga promoveu com todos os clubes, autarquias, polícia e proteção civil. Por essa razão, o FC Porto considera inconcebível que possa ser obrigado a alterar a data de um jogo devido a uma falta de organização a que é alheio.
A questão principal passará pela falta de elementos suficientes que garantam as condições mínimas necessárias para a realização de um jogo da I Liga. Com as festas da vila, o dispositivo local estará concentrado aí, restando poucos efetivos. Recorde-se que em fevereiro do ano passado, por exemplo, o Famalicão-Sporting teve de ser adiado precisamente devido à ausência de condições de segurança. Na altura, os agentes destacados para encontro terão, como forma de protesto, alegado baixa médica para não marcarem presença no local.
A Câmara Municipal de Arouca, a Proteção Civil e as forças de segurança (polícia e bombeiros) alertam para esse problema apenas ontem, depois de um reunião conjunta, o que vai obrigar a Liga de Clubes a tomar uma decisão, sabendo que terá sempre de ter a concordância dos dois clubes e do operador televisivo.
Marcar o encontro para o mesmo dia, mas noutro palco, como o Municipal de Aveiro, é possível por lei, mas não interessa ao Arouca. Desde logo porque, de acordo com os regulamentos, teria de receber o Benfica e o Sporting no mesmo local. Ou seja, longe de casa. Adiar para o dia seguinte, 29 de setembro, uma segunda-feira, seria exequível para os arouquenses, mas não o FC Porto não está disposto a fazê-lo porque teria três dias depois de jogar com o Estrela Vermelha, para a Liga Europa, e mais três dias depois, domingo, com o Benfica. Um calendário que desgastaria bastante a equipa de Farioli, sobretudo para um clássico em que o rival teria cinco dias de preparação contra os três dos dragões.
No fundo, o Arouca tem total disponibilidade para jogar na data prevista, mas também poderá ser obrigado a adiar por causa da questão agora levantada pela autarquia. A relação entre as duas entidades, refira-se, está longe de ser pacífica. Há três anos, precisamente por alturas das festividades da vila, clube e autarquia estiveram de costas por causa da utilização do parque de estacionamento do estádio. A autarquia pretendia realizar ali dois concertos, os “lobos” não gostaram da “imposição” e colocaram cadeados. A GNR foi chamada e os concertos tiveram mesmo de ser deslocados para outro espaço. Um mês depois, a câmara chegou a aprovar o fim da cessação do estádio ao Arouca, pelo qual paga uma anuidade que ronda os oito mil euros. Foi só em março do ano seguinte que as partes se entenderam com a assinatura de um novo acordo de utilização do Estádio Municipal, que inclui uma cláusula penal de 50 mil euros por eventuais incumprimentos.