Extremo era uma das maiores promessas do Brasil até ter sido enganado pelo... empresário. Nacional devolveu-lhe "futuro brilhante".
Corpo do artigo
Murilo é uma das quatro contratações já asseguradas para a próxima temporada - junta-se a Ailton, Eduardo e João Novais -, mas o extremo carrega uma história de dúvidas, depois de, em 2014, ter visto o seu "enorme talento" traído pela "ganância" do empresário. Contextualize-se o problema: Murilo destacou-se nos escalões de formação do Caxias do Sul, ao ponto de se ter transferido, em 2013 e ainda júnior, para o Internacional de Porto Alegre. As excelentes indicações que foi dando valeram-lhe, pouco depois, uma chamada à equipa principal, treinada por Abel Braga. Estreou-se como profissional a 23 de janeiro de 2014 (com 19 anos) e, três dias depois, marcou no primeiro jogo que realizou a titular. "Murilo era um talento. Subi-o da base, coloquei-o a jogar, marcou e deu a marcar...", conta Abel Braga.
Apesar disso, o extremo desapareceu rapidamente das escolhas do treinador. Porquê? "Ele terminava contrato em junho desse ano e o empresário disse que a renovação custaria um milhão. O Internacional avançou para o negócio, mas, na altura de assinar, o empresário disse que era um milhão, mas de euros [e não de dólares, moeda mais utilizada no Brasil]. Acabou por ficar encostado durante seis meses e depois foi para o Botafogo. É o que fazem com os meninos, demasiada ambição e muita confusão", recordou o treinador.
O que se seguiu é fácil de imaginar: Murilo raramente jogou no Botafogo - "os treinadores preferiam jogadores mais experientes", contou, em tempos - e acabou sucessivamente emprestado a clubes de menor dimensão como o Macaé, Lajeadense ou Joinville até se desvincular do clube carioca.
"Ele é muito forte no um para um. Destaco-lhe a imprevisibilidade"
No ano passado, assinou pelo Barra, mas acabou cedido ao Nacional, com o objetivo de "recuperar o tempo perdido". Correu bem, ao ponto de ter assinado um contrato com o Braga válido para os próximos cinco anos. "Ele ainda tem uma grande margem de progressão. Acredito que se pode transformar num jogador muito importante para o Braga", referiu Felipe Lopes, o experiente defesa-central que partilhou o balneário do Nacional com o extremo ao longo do último ano. "O Murilo é muito forte no um para um. Destaco-lhe a imprevisibilidade. Nunca sabemos o que vai fazer", acrescentou.
No esquema de Abel Ferreira, Felipe Lopes imagina-o a jogar no lado direito do meio-campo. "No Nacional, começou a época na esquerda, mas em meados de outubro o míster colocou-o no lado direito, onde se destacou. Ele é canhoto e, naquela posição, tanto vem para dentro como aproveita a linha. Essa capacidade de jogar bem das duas formas criava uma grande confusão nos adversários, que nunca sabiam se deviam fechar por dentro ou por fora. Além da excelente técnica, também finaliza muito bem, como provam os muitos golos que marcou."
Por tudo isto, Felipe Lopes não tem dúvidas de que o Braga "acertou em cheio" na contratação de Murilo. "Ah, tem outra coisa: apesar de ser extremo, também ajuda a defender. Tem uma grande disponibilidade física", rematou.