FUTEBOL NÃO É BEM UM LUXO (parte 01) - O lugar anual mais caro da I Liga custa 1000€ no Dragão, mas, com quotas de sócio e subscrição dos canais televisivos, o maior investimento toca a um benfiquista. Em média, os preços são bem mais acessíveis, mas ninguém se aproxima da relação despesa/salário dos alemães
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Portugal, longe de ser uma potência económica, está entre os países da União Europeia com os preços mais altos de combustíveis e eletricidade, por exemplo.
A maior despesa possível de um adepto em Portugal é a mais baixa das seis principais ligas e a terceira mais leve
Mas quanto custa ser um entusiasta consumidor da coisa mais importante das menos importantes, o futebol? Se tomarmos como referência um adepto que quer usufruir de tudo ao melhor nível, constata-se que é o benfiquista que precisa do maior orçamento: um lugar anual na zona VIP do Estádio da Luz (880 €), um ano de quotas de sócio (156 €) e um ano de subscrição da Sport TV, Eleven Sports e BTV (538 €) custam 1574 euros: um valor que equivale a 10,1% do salário médio anual.
Em comparação com as cinco principais ligas, como mostram os quadros nesta página, é a fatia mais baixa em termos absolutos e a terceira mais leve em relação ao salário médio anual, atrás de França e Alemanha. Faltaria ainda acrescentar despesas de deslocação e alimentação, que inflacionariam o valor, mas que é inviável quantificar.
Por outro lado, nunca é de mais sublinhar, estamos a utilizar os exemplos mais dispendiosos, pelo que a maioria pode ser um superadepto por bem menos dinheiro - a média dos melhores lugares anuais é de 255 euros -, da mesma forma que esse mesmo adepto que quer usufruir do melhor com certeza terá um salário acima da média.
De facto, tanto nos bilhetes de época - preço de aquisição para um adulto, sem descontos - como nas subscrições de canais pagos de desporto, Portugal está na cauda dos preços. Um Red Pass Premium ou uma box no Estádio no Dragão (1000 €) encontram ofertas equivalentes mais caras em quase todos os países e só o Osasuna se aproxima (60 €) dos valores mais acessíveis da I Liga, disponibilizados por Paços de Ferreira (10 €), V. Guimarães e Rio Ave (15 €) ou Boavista (25 €).
Por outro lado, o último relatório financeiro da UEFA (2017) não contempla qualquer clube português nos 30 com a média de preços de ingressos mais alta - o último da lista é o St. Gallen, da Suíça, com 30,6 €. O problema é que Portugal também surge bastante atrasado nos salários médios anuais, pelas últimas contas do Eurostat (2018) para um adulto independente e sem filhos.
O país do campeão da Europa anda pelos 15 mil euros e os outros cinco países passam os 20 mil, com Inglaterra e Alemanha praticamente nos 30 mil euros. Os germânicos, como analisamos em detalhe na parte 2 deste estudo, são mesmo os mais simpáticos para a carteira dos adeptos.
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