Ribatejanos dizem-se prontos para competir de novo com os maiores, mas não conseguem apresentar prazos para o regresso, uma vez que não dá para controlar se a bola entra ou não entra.
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Nas cinco épocas em que esteve na I Liga, o Alverca conseguiu um inesperado equilíbrio no balanço histórico frente ao Sporting: quatro vitórias, dois empates e quatro derrotas. O último confronto contra os leões foi em março de 2004, ou seja, 15 anos e meio antes do embate de quinta-feira entre ambos, a contar para a Taça de Portugal.
Foi uma década e meia de "hibernação" de um emblema que agora atua no Campeonato de Portugal mas já se diz pronto para regressar à I Liga. "Conheço as realidades de alguns clubes da I Liga e por isso posso dizer que o Alverca já tem uma estrutura desportiva capaz de albergar os grandes jogos", afirma o presidente do clube, Fernando Orge.
Luís Filipe Vieira foi o ideólogo e, ao mesmo tempo, também o homem que materializou a ascensão do principal clube desta cidade ribatejana com 31 mil habitantes. O agora presidente do Benfica começou a dirigir este emblema em 1991 e sete anos depois levou ao escalão maior uma equipa onde então alinhava um ainda desconhecido Maniche. Mais tarde chegariam nomes como Ricardo Carvalho, Deco, Mantorras ou Kulkov, entre tantos outros.
"O Alverca viveu esses momentos graças à visão e ao espírito de Luís Filipe Vieira. Sem ele, não teria sido possível chegarmos lá tão acima. Mas, com a sua saída [em 2001, rumo à estrutura do Benfica], houve alguns diferendos que levaram a que o Alverca começasse a cair no esquecimento e a perder sustentabilidade", conta Orge sobre um emblema que após a época de 2004/05, na II Liga, desistiu do futebol profissional por não conseguir cumprir as obrigações financeiras a isso inerentes.
Com dívidas na ordem dos 2,5 milhões de euros, deixou de poder competir. "Foram tempos bastante difíceis, porque o Alverca esteve duas épocas sem futebol e isso amargurou muita gente. Mas desde 2007/08 tem havido um renascimento do clube. Eu entrei em 2011 e temos vindo, passo a passo, a sustentar e a estabilizar o clube, de forma a podermos ter a ambição de chegar lá mais acima", prossegue o dirigente do clube, detentor de 20 por cento de uma SAD detida maioritariamente por Ricardo Vicintin, um magnata brasileiro da área do minério.
Em Portugal, quem o representa no dia a dia do clube é Artur Moraes, guarda-redes do Benfica entre 2011 e 2015. "O Alverca é uma equipa de futuro. Temo-nos estruturado de forma tranquila, sólida, organizada, com responsabilidade e sem deslumbramento. Passo a passo vamos construindo o caminho para que, quando chegarmos à I Liga, seja de forma consolidada e forte para nunca mais sairmos", comenta Artur, negando a estipulação de um prazo para chegar ao topo: "O projeto é a longo prazo e vai demorar o tempo que for necessário. Para lá chegarmos, temos a necessidade de ganhar jogos, de a bola entrar, e isso é incontrolável. Sabemos que dará muito trabalho e não será fácil, mas com tranquilidade, ambição e muita organização, chegaremos lá. Em quanto tempo? Não sei", diz.
Mas o Alverca está mesmo pronto, conforme garante Fernando Orge: "Estruturas desportivas temos e, quanto a gente para trabalhar, estamos a dar os primeiros passos. Mas temos mais do que condições para preparar esta equipa para estar na I ou na II Liga, sem quaisquer dúvidas."
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