Mapa da I Liga adiado: estádios passados a pente fino e até produtos de higiene
Autoridades de saúde entram hoje em campo para conhecer os recintos candidatos a receber a I Liga. Quinta-feira esperam-se decisões.
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O rigor a que a Direção-Geral da Saúde (DGS) habituou a população, nestes tempos de pandemia de covid-19, impera também na definição dos recintos que receberão as dez jornadas que restam à I Liga.
O relatório da vistoria feita por uma empresa especializada em higiene e segurança nos recintos de nível 2 e 3 candidatos a manterem-se no mapa do escalão principal foi remetido à DGS no domingo à noite e a autoridadesregionais da saúde procederão, já esta terça-feira, a uma visita adicional aos que se mantêm na corrida e ainda aos de nível 1, cujas condições, face aos requisitos definidos pela Liga para a classificação, não oferecem dúvidas quanto à capacidade para acolher os jogos da era covid-19, que o mundo conheceu, no fim de semana, através da liga alemã.
O executivo liderado por Pedro Proença tinha marcada para esta tarde uma reunião com os presidentes dos clubes na qual seria conhecida a lista final dos recintos, no entanto, a ronda de inspeções a levar a cabo pelos técnicos regionais da autoridade sanitária adiou o encontro e a comunicação da decisão da DGS para depois de amanhã. Deste passo depende a versão final do calendário - a comissão responsável por esta área reuniu-se ontem, mas apenas para conhecer versões adiantadas pelo operador televisivo, dependentes do mapa que vier a ser estabelecido segundo os critérios da DGS. Só depois de conhecidos os palcos será oficializado o calendário que, segundo adiantou a diretora executiva Sónia Carneiro, n"O JOGO, se estenderá até 26 de julho.
A I Liga termina a 26 de julho. Quem o anunciou foi Sónia Carneiro, diretora executiva da Liga, n"O JOGO
Esta nova e decisiva vistoria, em versão alargada, dá alguma esperança aos clubes com estádios mais modestos e considerados em risco à partida, desde que a DGS fez saber que quer o campeonato jogado no mínimo de recintos possível. Alguns encontraram já alternativa: para encurtar deslocações para o continente, o Santa Clara jogará na Cidade do Futebol, tal como o Belenenses SAD, habituado a jogar em casa emprestada e porque o Jamor não oferece condições para o novo modelo. Famalicão (jogará em Barcelos) e Moreirense (deverá jogar em Guimarães), limitados nas instalações, à luz dos novos requisitos, nem entraram na discussão. Ambos argumentam querer ser "parte da solução e não do problema". Há, no entanto, quem mantenha a esperança de jogar em casa, embora disposto a acatar o que a DGS vier a decidir. É o caso de Theodoro Fonseca, presidente da SAD do Portimonense, que ainda ontem, na SIC, admitiu ver "com bons olhos" a hipótese de jogar no Estádio do Algarve, mas defendeu: "O meu estádio, modéstia à parte, está melhor do que o do Algarve". "O que a DGS procura é a ameaça biológica, ou seja, as entradas, saídas, a prevenção [da propagação] do vírus. O meu estádio contempla todos esses requisitos", sustentou, embora com a garantia de que aceitará o que vier a ser decidido. A SAD algarvia não tinha, ontem, notícia de que seria visitado pela autoridade de saúde.
Do mapa das dez jornadas finais da I Liga dependem várias despesas extraordinárias que estão a preocupar os clubes: ainda não sabem se terão ajuda para suportar os custos de jogar em casa alheia, bem como a despesa com voos especiais para a Madeira , onde o Marítimo quer jogar. Estes serão temas a abordar também no encontro de quinta-feira entre os presidentes e Pedro Proença, na esperança de que, a partir daí, possa finalmente ganhar forma o final de época da I Liga, inicialmente esboçado para se estender até 19 de julho, mas agora com final marcado para 26 de julho - e com a final da Taça de Portugal também à espera de data, com a garantia federativa de que não será obstáculo à regularização do calendário do campeonato, suspenso desde 12 de março.
Até produtos de higiene foram inspecionados
Nas vistorias da semana passada, as casas dos clubes foram alvo de medições minuciosas dos espaços a ocupar pelos protagonistas; foi verificada a possibilidade de assegurar percursos distintos para as equipas e a demarcação da circulação, de forma a assegurar que ninguém se cruza. Os recintos têm de dispor de uma sala de isolamento com casa de banho, para a eventualidade de alguém apresentar sintomas de covid-19. A ventilação dos espaços e o ar condicionado foram também alvo de observação e a minúcia estendeu-se aos componentes específicos exigidos nos produtos de desinfeção.