Rotunda da Boavista foi o palco dos festejos leoninos na Invicta. (créditos das fotografias: André Rolo)
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O Sporting sagrou-se este sábado bicampeão nacional de futebol e a festa não se fez apenas em Lisboa, uma vez que no Porto, a rotunda da Boavista transformou-se numa espécie de Alvalade improvisado.
Cerca de mil adeptos ‘leoninos’ pintaram a noite de verde e branco, num ambiente de alegria, música e cerveja a rodos.
“Éramos para ir aos Aliados, mas os dragões não iam achar piada... e nós também temos bom senso”, atirava entre risos Luís Magalhães, de 34 anos, que veio com a camisola vestida e o cachecol do avô. “Festejar aqui junto à Casa da Música já é tradição. O título é nosso, o respeito também!”
A PSP montou um dispositivo discreto, mas eficaz, encerrando os acessos à rotunda e garantindo que a festa decorria sem incidentes. As ruas adjacentes estiveram cortadas durante as primeiras horas da noite e não houve registo de confrontos.
Roulotes com bifanas e cachorros deram energia aos cânticos que não paravam, e havia até um pequeno stand improvisado com merchandising do Sporting — de bandeiras a t-shirts.
A festa começou ainda antes do apito final do jogo que selou o título e foi crescendo em intensidade ao longo da noite. “Isto é lindo! Estive cá no ano passado e disse que não morria sem ver o Sporting campeão outra vez. Agora já posso ir com as duas vezes!”, dizia, entre gargalhadas, Maria do Céu, de 67 anos, acompanhada pelas duas netas — todas de rosto pintado.
Pelo centro da cidade, no entanto, o contraste era gritante. A emblemática Avenida dos Aliados, onde costumam ocorrer os festejos do FC Porto, estava praticamente deserta. Ouviam-se algumas buzinas tímidas pelas ruas, mas a reação geral dos portuenses pareceu ser de recato. “Parece que há aqui um código não escrito... hoje, é deles”, comentava um taxista estacionado na Rua dos Clérigos.
“Custa ver o Sporting a festejar na nossa cidade? Custa. Mas fizeram por merecer. Eles respeitaram o espaço e a malta aqui do norte sabe viver com fair-play”, dizia Jorge, adepto do FC Porto, a sair do café com um sorriso resignado.
Com música a sair das colunas portáteis, cervejas a circular entre os grupos e gritos de “campeões, campeões, nós somos campeões!”, a festa prolongou-se pela madrugada. “Se Rui Borges fica? Fica, claro que fica! Só se for para primeiro-ministro!”, brincava Diogo, 28 anos, entre brindes e selfies.
No final, ficou a nota de um festejo contido no espaço, mas expansivo na emoção. O Porto não é verde, mas por uma noite a rotunda da Boavista mostrou que a paixão sportinguista não tem fronteiras — e sabe celebrar com estilo.