Adepto do Sporting após perder visão: "A bala foi direta ao olho e destruíram-no"
O comissário de bordo de 28 anos revelou que não pode continuar a trabalhar, mesmo colocando uma prótese
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Bernardo Topa, comissário de bordo que perdeu a visão do olho esquerdo nos festejos do bicampeonato do Sporting, após ser atingido por uma bala de borracha, na zona do Saldanha, recebeu alta na segunda-feira e relatou o incidente esta terça-feira no programa “Dois às 10”, da TVI.
O sportinguista de 28 anos explicou que estava longe do autocarro da comitiva dos leões e que também se afastou do corpo de intervenção da PSP para evitar confusão. No entanto, foi surpreendido com uns disparos dos agentes, sendo que, um deles, acabou por atingir um olho.
“A minha preocupação logo era [perceber] se via. Deitei imenso sangue, fiquei desesperado e os meus amigos não se aperceberam de nada. Depois encontrei dois agentes e pedi ajuda. Vieram duas enfermeiras e estancaram o sangue até chegar a ambulância. Só via de um olho, percebi logo o que se estava a passar, deitei imenso sangue, mas fui percebendo que o pior cenário se confirmava. Na ambulância estava muito pessimista, chegado ao hospital, na triagem disseram-me logo que era muito grave. A bala foi direta ao olho e destruíram-no”, relatou, acrescentando que foi submetido a uma operação para retirar a bola que ficou alojada no olho esquerdo.
“Falaram-me de reconstrução e do que é necessário. Estava muito concretizado profissionalmente e o que já soube é que com prótese não posso trabalhar. Foi tudo assustador, é tudo muito recente e estranho. Ainda estou em tratamento, vou ter consultas, não tenho dores, estou medicado. Já me vi sem penso e é mesmo muito feio”, afirmou. O plano, por isso, passa por colocar uma prótese.
Depois de admitir frustração e revolta com o sucedido, o comissário de bordo revelou que vai recorrer à justiça “para que o autor [do disparo] seja identificado”. “Isto não pode voltar a acontecer. É por isso que exponho a situação. Vou apresentar queixa formal presencialmente e depois vamos aguardar pelo desenvolvimento do processo. Agora é adaptar-me e confiar no que me dizem, a vida continua”.