Espanhol fez oito defesas, números que não têm paralelo de leão ao peito. Até no capítulo dos reflexos estabeleceu novos máximos. Atleta de 35 anos sofrera uma mialgia, mas pediu para ficar de fora diante do Boavista e recuperar da melhor forma. Rúben Amorim ouve as indicações e aprecia a gestão física que Adán sabe fazer.
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Adán foi absolutamente imprescindível na eliminatória contra o Arsenal e um verdadeiro baluarte para levar o Sporting aos quartos de final da Liga Europa. Na primeira mão, em Alvalade, o atleta somara seis defesas, um número que era o seu máximo na Europa pelos leões, e em Londres aumentou o pecúlio para oito.
Esse número absoluto representa o máximo de intervenções do "keeper" madrileno com a camisola do Sporting, de acordo com os dados Wyscout. O seu papel no encontro no Emirates bateu recordes no Sporting e é preciso recuar a 2017, no Bétis, quando foi chamado a intervir oito vezes frente ao Real Madrid, para encontrar números similares. Pelo Sporting, o atleta de 35 anos estabelecera o máximo de sete defesas, no 2-2 na Luz, ante do Benfica, em janeiro, agora batido.
"Foi decisivo ao longo de todo o jogo, já sem falar no penálti defendido. É um grande guarda-redes, pode decidir jogos. Foi uma exibição tremenda", afirma a O JOGO Nélson Pereira, ex-treinador de guarda-redes dos leões, que sinaliza a força do espanhol a tapar a baliza em lances 1x1: "Teve leituras apuradas. Conseguiu em todos os momentos dar passos para encher a baliza. Fez defesas quase impossíveis, até atendendo a que, algumas, foram em zona frontal. Ou seja, o adversário tinha um maior espaço de baliza para tentar o golo."
Os números são indesmentíveis quanto à capacidade de Adán usar a intuição. Sete das oito defesas são consideradas, segundo o portal de estatística, de reflexos. Ora, também nesse capítulo, está batido mais um registo no Sporting.
Particularmente significativo se for tido em conta que o "portero" falhou o jogo contra o Boavista (3-0), o que ditou a estreia de Franco Israel na Liga Bwin, por mialgia de esforço. "Há uma bola que ele defende com o braço, um cabeceamento, em que não contam as mialgias. É a qualidade do atleta. É ágil em determinados gestos técnicos", pormenoriza Nélson Pereira, quanto ao guarda-redes eleito jogador da semana da Liga Europa.
Para Nélson, figura incontornável da baliza leonina no passado, a tranquilidade de Adán também deriva da evolução coletiva. Assim se explica a afirmação europeia contra o Arsenal depois de erros importantes na Liga dos Campeões, com o Marselha, ou até nos clássicos contra o FC Porto. "Começou irregular, como a equipa. Agora está num nível próximo ao que habituou toda a gente. Tal como a equipa. É notório o crescimento coletivo e que, em função disso, também se vê o maior rendimento individual", conclui Nélson.
Rúben Amorim respeita indicações físicas de Adán
A experiência não tem preço. E Rúben Amorim leva isso à letra e ouve, com regularidade, as indicações de Adán, tal como de Coates. Queixando-se de algumas mazelas físicas, o treinador poupou Adán com o Boavista, confiando na sua leitura. Aliás, a lesão ligamentar no joelho, no início de época, acabou por não tirar Adán dos jogos dos verdes e brancos. O espanhol protegeu-se nas abordagens aos lances e foi recuperando os índices físicos, utilizando a veterania a seu favor.
Com contrato até 2024, O JOGO sabe que esta forma de entender a sua forma física dá garantias à equipa técnica e que tranquiliza para a nova época que se pretende longa, com mais de 40 jogos em mira, em caso de sucesso nas várias competições. Adán vai com 36 jogos: basta-lhe fazer os dez que restam do campeonato e um compromisso europeu para bater os 45 encontros de 2021/22, a maior marca da carreira.
Penáltis nunca são deixados ao acaso
Experiente a defender os postes, mas também a ensinar os guarda-redes, Nélson não tem dúvidas de que houve trabalho de casa no Sporting na altura dos penáltis. "Hoje em dia tem-se em conta todos os aspetos. Os penáltis, naturalmente, são trabalhados. Desde saber os possíveis batedores, os lados que mais escolhem. Isso ajuda um pouco o guarda-redes", avalia, falando ainda do momento emocionado entre Tiago e Vital, técnicos de guarda-redes que se abraçaram a festejar o sucesso de Adán, quando este parou o tiro dos 11 metros de Martinelli: "É um festejo de reflexo pelo que os jogadores produzem. São momentos em que os treinadores sentem a sua quota parte de responsabilidade."
Franco Israel bebe da experiência do titular
Adán foi crucial, mas Nélson Pereira preferiu não considerar que foi devido ao espanhol que o Sporting seguiu em frente. Valorizou a "experiência" e a forma como Adán "ajuda os jovens a crescer" e pede tempo para avaliar Franco Israel: "Tem de melhorar a todos os níveis, ganhar rotinas e fazer o caminho para estar numa equipa como o Sporting. Tem muito a aprender."