Tecnicista de um grande Vitória, Ademir brilhou na campanha em que Guimarães viu a equipa sonhar muito alto nas lides europeias. Elogiando potencial do atual Vitória, e antecipando empurrão anímico do Afonso Henriques, brasileiro lembra emoções de jogos com Atlético de Madrid e Borússia M’Gladbach, no epílogo.
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Incontornável nome do mágico Vitória de Marinho Peres, um dos dínamos desse atrevimento europeu que levou os conquistadores aos quartos de final da Taça UEFA de 1986/87, Ademir Alcântara rejubila a reboque dessas memórias, assim como pela chama recente dos vimaranenses, imperiais neste seu percurso europeu, e com última imagem bem expressiva desse encanto deixada em Sevilha.
“Está a ser uma boa época do Vitória, principalmente na Europa. Conseguiu um grande resultado em Sevilha e vê-se que a equipa cresce exibicionalmente quando joga na prova”, sustenta, vibrando com as indicações. “Tem tudo para fazer outro grande jogo, está muito bem, conta com vários jogadores em grande fase, como Bruno Varela, Tiago Silva e Samu. Acredito que vai fazer um grande jogo e repetir o feito de 1986/87. Com o apoio dos seus adeptos, vai ficar muito difícil para o Bétis, mesmo tendo grande equipa”, vaticina Ademir Alcântara, um talento puro que irradiou encanto no final dos anos 1980 em Guimarães.
Foi estrela, ao lado de Cascavel, nessa caminhada que travou nos “quartos”, após Atlético de Madrid e Groningen terem ficado pelo caminho. “Era uma equipa diferenciada, não temíamos ninguém, jogássemos em Guimarães ou fora. Jogávamos sempre para ganhar, o Marinho colocou isso na cabeça dos jogadores. Foi uma campanha muito boa e até podíamos ter vencido a competição, porque estávamos muito fortes”, recorda Ademir, lembrando a colisão fatal com o Borússia M’Gladbach, nos “quartos” (2-2 em casa e 0-3 fora). “O problema foi que nos cruzámos com um adversário forte e enfrentámos também a dificuldade climática. Praticamente nevava na Alemanha. Em condições normais, o resultado seria outro, não estávamos bem preparados, até em termos de material de trabalho, para o frio, que nos colheu de surpresa”.
A festa de Marinho em Madrid
Ademir recorda quem mandava. “Marinho tinha o dom de motivar, era espetacular! E não havia noção exata da força dos rivais. No final do jogo em Madrid, com o Atlético, só gritava para o carregarmos em ombros. Como jogara em Barcelona, queria ser exaltado pelos adeptos deles. Pimenta Machado dava o suporte financeiro, tudo em dia, nós só tínhamos a obrigação de jogar”, garante.