"Acredito que o Sérgio Conceição é o Ferrari e precisava de alguns detalhes..."
Declarações da mental coach Susana Torres no Thinking Football Summit, evento organizado pela Liga que decorre até domingo, no Porto.
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Sérgio Conceição: "Não trabalho com o Sérgio no FC Porto, embora já faça um trabalho com ele desde 2014. Conheci o Sérgio pessoalmente e começamos a fazer este trabalho. A minha intervenção tem muito a ver como é que preparamos os atletas, não só para lidarem com tudo o que está dentro deles, mas a forma como processam a informação e lidam com os vários momentos, mas também ao nível da interpretação da equipa. É uma pessoa espetacular e de trato extremamente difícil, dada a sua exigência. Treinador muito desafiante."
Momentos negativos: "Dei-lhe ferramentas para conseguir fazer o trabalho de forma mais fácil. Se pensarmos bem, não somos preparados para uma série de coisas, nomeadamente lidar com toda a gente e lidamos com toda a gente em qualquer contexto. E há pessoas com quem lidamos melhor, porque normalmente são aquelas que se identificam mais com o nosso perfil e a forma de estar e outras que não conseguimos lidar tão bem. O treinador tem estes desafios. Tem uma equipa com 26 jogadores e vai ter desafios com alguns deles e esses até têm talento e cujo investimento foi extremamente elevado. É preciso saber lidar com isso e ninguém nos ensina. Infelizmente, ainda não está nos cursos de formação de treinadores esta componente. Tal como o Sérgio disse em vários momentos, isto é como conduzir um Ferrari e depois não conseguir pôr gasolina de qualidade ou não fazer a manutenção. Acredito que o Sérgio é precisamente o Ferrari e precisava de alguns detalhes, como precisou quando na altura em que procurou este trabalho, para tornar o trabalho dele mais fácil. O que nós fazemos é facilitar a vida aos jogadores, aos treinadores e aos clubes."
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Trabalho face às expulsões: "Trabalhamos muito o papel do treinador, mas nós todos temos uma ideia sobre o que deveria ser o papel do treinador. Uma coisa é aquilo que achamos que deveria ser, outra é aquilo que ele quer ser. No caso do Sérgio, é uma pessoa com um perfil muito diferente e específico, que cumpre o seu comportamento de acordo com a imagem que ele quer ter e a forma como quer estar no futebol. Acho que o Sérgio está correto, na medida em que, por muito que não concordemos, é a forma como ele quer viver e sempre viveu o futebol e que é característica dele. Temos de respeitar a individualidade das pessoas. O meu trabalho não vai por toda a gente na norma, mas simplesmente retirá-los da norma pelas suas características e por aquilo em que são bons e, acima de tudo, pelos resultados. Cada um vai fazer isto à sua maneira e o Sérgio faz à maneira dele."
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