Miguel Ribeiro, presidente da SAD do Famalicão, no "Thinking Football Summit", no painel "o caso de sucesso do FC Famalicão"
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Famalicão: "Acredito que é um ótimo exemplo de como fazer. Puxando o filme há cinco anos, se calhar estamos melhor do que esperávamos há cinco anos. Isso enche-nos de orgulho, mas também nos dá responsabilidade de fazer mais, porque não podemos parar e seguir uma rota e filosofia bem definidas, desde a transformação da SDUQ em SAD, sempre com a relação entre clube. A forma que é possível fazer um clube de uma cidade, de um concelho uma união à volta do seu clube."
Como projetou o Famalicão que é hoje? "A primeira medida foi tornar um clube de segunda de primeira, o desafio era criar um clube de primeira na segunda, porque sabíamos que tínhamos capacidade para quando chegássemos à Primeira estávamos preparados do ponto de vista estrutural. Foi uma decisão acertada, o Famalicão estruturou-se desde o primeiro dia - departamento financeiro, administrativo, marketing, comercial, dentro do departamento de futebol criar valências necessárias para a equipa operara a um bom nível. Depois o caminho - com alguma felicidade, porque ter subido no primeiro ano ajuda muito; se pergunta se tínhamos a convicção no primeiro ano que íamos subir, em agosto não; em janeiro tínhamos a convicção que sim, porque era um clube que estava há 25 anos fora da I Liga, a aquisição foi feita a 28 de junho e começamos a 1 de julho a empreitada de reformular o plantel, contratar um treinador e os primeiros seis meses foram os mais duros também pela precariedade encontrada no clube nas estruturas e infraestruturas, mentalidade, cultura profissional. Essa injeção inicial de tornar um clube de primeira na segunda elevou para um nível interessante. Chegámos a janeiro, reforçámos a equipa e subimos. Subir no primeiro ano foi uma pedra decisiva. Na I Liga temos dado uma boa resposta, trabalhando numa filosofia assente no jogo e no jogador, tentamos ter sempre equipas técnicas, performances, rendimento, médicos, toda a estrutura de apoio, secretaria, team manager, scouting, comunicação tudo à volta do jogo para que estas pessoas tirem as pedras no caminho para andar de uma forma eficaz. O jogador tem sido sempre um pilar na nossa operação. Felizmente temos tido sucesso."
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Como é um jogador à Famalicão? "É um jogador jovem, com muito potencial, capaz que podemos desenvolver, mas essencialmente o clube seguinte vai conseguir usufruir ainda mais do que nós, porque na curva ascendente que ele tem e cito Pedro Gonçalves, acredito que ele foi melhor no Sporting do que no Famalicão; o Ugarte foi melhor no Sporting, acredito que vai ser melhor no PSG do que no Famalicão; o Iván Jaime acredito que vai ser melhor no FC Porto. Esta filosofia no jogador está muito situada em procurar jogadores que tenham a capacidade de ser ainda melhores, se os ajudarmos a melhorar e pela capacidade que têm ainda avão ser melhores. O mercado acredita nisso, o mercado sabe que quando contratar um jogador do Famalicão vai se um jogador muito bom no seu clube. Quem pergunta como o Famalicão vende jogadores pelos valores que vende, é a certeza de quem compra, compra jogadores com muita qualidade. O nosso processo de recrutamento, de melhorar o jogador está num patamar tão bom que cria a convicção em quem compra. Temos um processo competente e eficaz. A satisfação que me dá ver Ugarte rotulado como melhor contratação do PSG é mais a satisfação da competência do Famalicão no processo do Ugarte. Acho que isso nos dá uma marca muito interessante, um selo de qualidade."
Investimento: "É um caminho de indústria. O desafio da sustentabilidade é que a nossa operação tem de ser rentável e, no limite, pagar-se a ela própria. Hoje atingimos muito com as receitas de mercado e para isso temos de ter uma boa fábrica. O nosso investimento é em recursos humanos, jogadores, treinadores... O nosso centro de treinos, hoje, é um capricho ou instagramável...é um centro de treinos que é uma fábrica onde trabalhamos a nossa matéria-prima para sair um produto de excelência. Ainda temos um grande handicap, que é a questão do estádio e começámos intervenção nas infraestruturas por onde verdadeiramente sofremos porque temos 17 jogos em casa e fazemos 320 treinos e toda a operação estava centrada no estádio e acredito que brevemente o faremos no estádio. O suporte do acionista Quantum Pacific Group permite-nos ter capacidade de investir. Os nossos jogadores são muito assediados esta é a parte mais difícil da operação."
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Treinador: "quando temos mais de 200 treinadores portugueses no estrangeiro num país da nossa dimensão fica difícil o recrutamento. Sou um privilegiado porque o Nuno Espírito Santo começou comigo, o Luís castro era coordenador da formação do Porto e recomeçou a ser treinador comigo; Pedro Martins estava na equipa B do Marítimo e passou para a equipa A comigo. Tenho tido uma experiência muito feliz com eles. Quem trabalha nos clubes deve ter a capacidade de aprender com os treinadores não só pelo conhecimento do jogo que nos dá, aprendi que temos de respeitar e absorver. O treinador é a peça-chave. Tivemos treinadores até agora alguns treinadores, mais do que gostaria. O que eu gostaria era ter o João Pedro Sousa até hoje e quando ele saiu, confesso que tive sempre a convicção que voltaria. Hoje o Famalicão seria ainda melhor se o João estivesse na sua quinta temporada. O meu maior lamento neste caminho de cinco anos é o João Pedro Sousa não estar agora na sua quinta época pela sua competência, pelo que gosto dele, pelo o que ele aporta ao modelo do Famalicão, pelo exemplo do que um treinador deverá ser para um clube como o Famalicão."