"Acredito que o Braga poderá estar na luta pelo título nos próximos quatro anos"
Carlos Carvalhal, treinador do Braga, fez a antevisão à receção ao Benfica, agendada para as 18h00 de sábado, e relativa à 34.ª e última jornada da I Liga
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Como reage às declarações do André Horta? "Não vou estar a comentar. Os jovens em questão já conhecem o Braga, sabem que isso é trabalho do treinador, conheceram as suas ambições e grandeza. Fizeram a sua educação do que é o Braga, são jogadores muito mais aptos a representar o Braga neste momento."
Falava de correções para o jogo com o Casa Pia. Face à derrota, há aqui uma quebra da equipa? "A entrada foi boa, resultou a mensagem. Corrigimos as más entradas. Neste último tivemos oito claras oportunidades e foi a grande diferença para os jogos que vencemos anteriormente. Houve essa incapacidade de finalizar as ocasiões. Assumimos a quebra nos resultados, tínhamos expetativa de chegar ao 3.º lugar, que saiu gorada. Porém, o comportamento coletivo não mudou muito de outros jogos. Nestes últimos três jogos o grau de dificuldade aumentou e estávamos num momento antes em que fazíamos um golo em cada duas oportunidades. A falta de eficácia foi determinante nestes últimos resultados."
Como se posiciona perante a ideia do presidente fazer o Braga campeão nos próximos quatro anos, já que promete responder hoje? "Sou um treinador que tenho demonstrado que a minha ideia é coerente com a visão do clube. O Braga preparou estruturas na formação e quando o presidente diz que quer ser campeão eu saúdo essa ambição e esse desejo. Para se conseguir um objetivo temos de ter um plano, caso contrário não passa de um sonho. O plano não é de agora, vem da sustentabilidade financeira e posso dizer que esta equipa técnica teve grande papel nas mais-valias que foram obtidas com venda de alguns ativos. Foi algo que ajudou a dar essa consistência. Seguimos agora a filosofia do clube, de encontrar mais-valias dentro de portas, estreá-las. Há muitos jovens talentos na academia que podemos mencionar. O presidente está a olhar da mesma forma, vendo uma maior estabilidade financeira, percebendo uma academia com vasto potencial. É uma pessoa responsável, sabe o que está a dizer, está a pensar nos direitos televisivos, que vão trazer maior equidade. Tendo em conta o trabalho de base que está a ser feito, o projeto do clube, o nível estrutural, e com um bom trabalho de recrutamento de jogadores, alcançando jogadores experientes e juntando-os a jovens, acredito que o Braga poderá estar na luta pelo título nos próximos quatro anos. Nada a dizer se vai ser comigo..."
Sente-se o homem certo para o projeto de título do Braga e do presidente Salvador? "Tenho orgulho grande no trabalho desenvolvido, a consciência que foi um ano extremamente complicado. Até dezembro isto podia ter corrido mal, mas também podia ter corrido melhor. A partir de janeiro demos uma energia diferente, foi uma equipa virada para a frente. Nós conhecemos bem o clube, a filosofia e identidade do Braga, temos de seguir no objetivo e no plano para o atingir. Havendo retenção de talento, significa que há um enquadramento para apostar mais na equipa, porque as infraestruturas já foram criadas. Assim poderá haver maior capacidade de investimento. Também sei que ele não vai deixar de criar estruturas, mas talvez com equilíbrio maior com as ambições desportivas. Nesse aproveitamento grande dos jogadores da formação, tenho-me limitado a dar sequência ao projeto do presidente."
Já falou da falta de eficácia e realmente os números dos avançados do Braga são algo pobres. Olhando à proxima época, está aqui a pecha a solucionar nesse Braga que quer ser candidato ao título? "O que peço aos jogadores é que sejam de equipa e os meus avançados são os primeiros defesas, mas também são eles que estão mais perto do golo. Quanto ao comportamento nada a apontar. Mas numa equipa com ambições altas, ter jogadores que marquem 15 a 20 golos é fundamental. Devo reconhecer que foi uma lacuna. O Fran Navarro não conseguiu mostrar 50 por cento do que vale. Ele corre muito, tem rotação altíssima, mas não conseguiu demonstrar tudo o que tem por este ou aquele motivo. Pensando nas ambições altas, ter dois avançados que marquem 15 a 20 golos é importante, significa pontos, nos jogos difíceis podem resolver em duas oportunidades, um golo faz a diferença. E, naqueles jogos que não se joga nada e só se dá pontapé para a frente, podem ser aqueles jogadores que levam a bola para a baliza e dão três pontos, como acontecia com o Vitinha."
Vencer este jogo é também uma premissa para fortalecer nos adeptos as ambições altas para a próxima época? "Não vai ser um jogo decisivo para nada, não podemos falar do futuro por causa de um jogo, se fosse assim seria um plano conjetural, de momento. Vencer este jogo será importante como foram a vitória na Luz, e na receção ao FC Porto. São jogos que dão alento e crescimento, e vendo isso acontecer com tantos jovens a serem titulares, é outro sinal positivo. Sair a vencer seria um reforço de energia para o nosso momento e para o futuro."