Hugo Seco teve propostas do Varzim e do Leixões, mas acabou por continuar em Coimbra num momento delicado do clube. Briosa regressou às vitórias dois meses depois, na receção ao Amora (4-3), que segundo o extremo reflete o que tem sido a época do clube. Permanência é o objetivo, por muito que custe aceitar.
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Aos 34 anos, Hugo Seco diz atravessar uma das melhores fases da carreira em termos físicos, e por isso sente que tem condições para continuar em níveis superiores. Com a catastrófica descida de divisão da Académica, as ofertas foram muitas, mas ainda assim preferiu ficar no clube, aceitando baixar para metade o vencimento. Vitória sobre o Amora (4-3), na qual marcou um golo, ajudou a virar a página e a ganhar confiança na luta pela permanência.
A Académica começou o ano em grande ao bater o Amora, por 4-3. Como explica esta vitória sobre uma das equipas do topo?
-É um jogo que reflete aquilo que é a Liga 3. Não há jogos fáceis e qualquer equipa pode ganhar a qualquer adversário. A Académica tem uma equipa que, apesar da classificação, pode-se bater de igual para igual com todos. Este resultado reflete a época da Académica, que é uma equipa irregular, com qualidade para mais e que oscila entre coisas muito boas e faltas de concentração. Conseguimos estar em vantagem por dois golos, mas quando nos marcam trememos um bocado. A melhor resposta foi a reação da equipa ao 3-3, pois todos pensavam que seria o Amora a ganhar. Tivemos mais bola, confiança, critério, e isso é o melhor que podemos tirar para o futuro.
A equipa já não ganhava há dois meses. Que dificuldades têm sentido?
-Quando uma equipa está lá em baixo tudo se torna mais difícil, a bola parece que não quer entrar e cada vez que vão à nossa baliza fazem golo. Quando estás lá em cima, com confiança, a bola parece que bate em alguém e entra. Estava na altura de virarmos a página, de passar à ação e falar menos, pois todos sabemos que é preciso inverter isto.
A posição da Académica é justa ou merecia mais?
-Acho que não é justa, começámos o campeonato com menos um ponto e isso interfere, pois neste momento podíamos já não estar em último. Mas temos de fazer mais, apesar de ter havido jogos em que não tivemos a estrelinha e acabámos por perder injustamente. Podíamos ter mais quatro ou cinco pontos. Começámos o ano com uma vitória e há que dar-lhe continuidade. Não há nenhum jogador que não acredite na permanência, não só por esta vitória.
O que se passou para haver uma quebra de rendimento nos últimos dois anos?
-Às vezes não significa que se esteja a trabalhar mal. Temos vários exemplos de equipas que faziam projetos para atacar a Europa e acabaram por descer de divisão, outras que queriam subir e acabavam por descer ou por conseguir a manutenção no fim. A época passada começou mal, tivemos algum azar. E quando uma equipa cai lá em baixo tudo acontece. A Direção anterior, sem grandes apoios, andou três anos seguidos a lutar pela subida até às últimas jornadas. Chega uma altura em que tem de se deixar de criticar. Neste momento, o mais importante é haver união com a cidade e os adeptos, e estabilizar a Académica na Liga 3, por mais que custe aceitar.
Acha que houve melhorias com o Zé Nando, em comparação com o Miguel Valença?
-São dois treinadores diferentes. O míster Valença é mais próximo dos jogadores, gosta mais de ter bola, e o Zé Nando, com uma ideia mais objetiva, é um treinador que se foca mais no processo defensivo e tenta jogar na transição. Acho que agora estamos mais coesos, mas conseguimos tirar coisas positivas de ambos.
Foi dos poucos jogadores a transitar da II Liga, por que motivo decidiu ficar?
-A época passada foi muito má em termos coletivos e individuais. Com 34 anos e uma descida de divisão é normal que não tenhamos grandes ofertas. A Direção que entrou queria fazer uma limpeza geral e eu tinha duas opções [Leixões e Varzim]. Era para sair, mas lesionei-me. Quando regressei ainda havia uma das opções, mas faltavam dez dias para acabar o mercado, pelo que reuni com a Direção, mostrei vontade de ficar e aceitei o acordo para baixar o ordenado para metade.
Ainda sente motivação para jogar?
-Sinto-me melhor fisicamente do que há três ou quatro anos, por isso ainda não penso no fim de carreira. Sinto que tenho condições para jogar a outro nível e enquanto sentir isso, não me passa pela cabeça deixar de jogar.
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Na Bulgária atingiu o auge e a Hungria surpreendeu-o
O extremo jogou no estrangeiro, representando clubes de Malta, Bulgária, Cazaquistão e Hungria. "Gostei mais da Hungria, pelas condições do clube [Kisvárda], do futebol e pela paixão dos adeptos. No Cazaquistão estava preparado para encontrar condições mais fracas, mas acabei por gostar, apesar da distância, do fuso horário e de haver equipas mais amadoras", recorda sobre as experiências internacionais, acrescentando que no Cherno More atingiu o auge. "Na Bulgária, o futebol era mais físico, a vertente desportiva era um bocado diferente. Custou-me não ter portugueses no plantel e o meu inglês não era muito bom, mas fiz talvez a melhor época da carreira", conta Hugo, que dos anos em Portugal destaca a estreia na I Liga, pela Académica, e a subida de divisão pelo Farense.