Obiora viu melhorias com a chegada de António Barbosa, que conseguiu quatro vitórias seguidas e mudou atitude
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Aos 33 anos, Nwankwo Obiora sente que ainda tem muito para dar à Académica, o clube onde viveu a melhor época, em 2014/15, quando se estreou na I Liga. A decisão de regressar a Coimbra, em janeiro, deveu-se a dois fatores: estar mais próximos dos filhos e tentar ajudar a colocar o clube em patamares superiores. Com quatro vitórias seguidas desde a entrada do treinador António Barbosa, que empurraram a equipa para o segundo lugar, o internacional nigeriano vê agora mais confiança.
A Académica atravessa a melhor fase, que coincidiu com a entrada de António Barbosa. Foi ele o responsável por esta reviravolta?
-Sim, a entrada do treinador foi fundamental para a mudança de mentalidade dos jogadores e para a forma como encaramos os jogos.
Houve alguma alteração tática ou a intervenção do do treinador foi mais sobre a parte psicológica?
-Foram as duas coisas. Houve uma mudança de sistema tático [antes em 3x5x2, agora em 4x3x3]. Ele soube encaixar os jogadores que temos nos sítios certos e no sistema. O aspeto psicológico também foi fundamental. Antes da chegada dele, a equipa não estava a atravessar uma boa fase, os jogadores estavam com a cabeça baixa e foi importante nesse aspeto. Se a cabeça não funciona, o resto também não.
Nos últimos dois jogos, estiveram a perder e depois deram a volta. E também venceram o líder Belenenses. Agora é mais difícil travar-vos?
-Uma coisa que aprendi nesta Liga 3 é que não há jogos fáceis. Não interessa se estás no primeiro lugar ou no último. Estar a dizer que não é fácil travar-nos é relativo. A única coisa que sei é que estamos muito confiantes neste momento, somos mais equipa e não vamos ser fáceis de bater.
Agora vem a paragem, mas acredito que gostariam de receber já o Oliveira do Hospital...
-Gostava que fosse já, nesta fase boa que estamos a atravessar. Esta paragem é benéfica para descansar e carregar energias, mas ao mesmo tempo é um pau de dois bicos. Mas o calendário é assim, não há nada a fazer.
Olhando para trás, o que faltou para não haver resultados tão positivos como gostariam?
-Aconteceu muita coisa… Começámos a época com poucos jogadores, alguns foram saindo, outros entraram, e essas mudanças não ajudaram. Quando as coisas não correm bem, o treinador é sempre o primeiro a ir embora. O início não foi muito fácil, tanto para ele [Pedro Machado] como para nós. A saída do Juan Perea prejudicou-nos bastante e abanou a equipa. Saiu depois de um jogo que ganhámos em casa [União de Santarém] e estávamos confiantes. A semana seguinte foi complicada, pois recebemos a notícia que ele ia sair pouco antes de jogarmos contra o Sporting B.
Entre a saída do Pedro Machado e a entrada do António Barbosa, o Fausto Lourenço fez a transição. Como correu?
-O Fausto foi muito importante na transição porque esteve connosco no ano passado como jogador e tentou segurar o barco até chegar o novo treinador. Fez um trabalho excelente. Quando um treinador sai e a equipa fica duas ou três semanas sem técnico principal é sempre complicado.
A que se deveu a decisão de voltar em janeiro ao clube?
-Tive uma proposta da II Liga e outras do estrangeiro, onde ia ganhar muito mais. Mas não são países seguros, por isso preferi ficar em Coimbra para estar ao pé dos meus filhos. Ganhar mais 10 ou 20 mil não é o mais importante nesta fase. Nos jogos em casa, a minha família está presente e isso também é um incentivo. Conheço a grandeza deste clube, tem muita tradição, história, e queremos colocar a Académica no patamar que merece. Eu e o Leandro Silva tivemos o privilégio de ver este clube na I Liga e sabemos da sua dimensão.
O que pode ainda dar à Académica?
-Na época passada, como estive muito tempo parado, o treinador achou que não estava preparado para competir. Quando comecei a jogar tive uma lesão que me deixou fora um mês e meio, por isso só fiz três jogos. Nesta, já fiz dez e ainda posso dar muito. Tenho uma bagagem de experiência, como o António Filipe, Rondon, Leandro e Vítor Bruno, e podemos usar isso para ajudar os mais novos, que têm muita fome de se mostrar.
Vencedor da CAN’2013 e colega de Sneijder, Xabi Alonso e Danilo
Nascido na cidade nigeriana de Kaduna, Obiora mudou-se cedo para a Europa, jogando em Espanha, Itália, Roménia, Grécia e Portugal. Colega de Danilo Pereira no Parma, o médio teve como referências Xabi Alonso e Thiago Motta, mas quem mais o impressionou foi Sneijder, com quem jogou no Inter, pelo qual foi campeão mundial de clubes. “Quando estava nos dias dele, era uma loucura”, conta a O JOGO Obiora, destacando a primeira passagem pela Académica como “a grande época”, na qual se estreou na I Liga “com muitos jogos”, mas também gostou do Boavista, onde ficou em sétimo lugar. Pelo Chaves destaca a subida à I Liga, depois de “um ano parado por ver abortada uma transferência para a Turquia”. Sobre a Nigéria, que ajudou a conquistar a CAN em 2013, diz que na atualidade “as estrelas são o Osimhen e o Lookman”, mas frisa que “esta seleção já não mete tanto medo”.