
O avançado do FC Porto confessa que se sentiu intimidado com o futebol praticado pela equipa, quando chegou na época passada, aponta Rúben Neves como exemplo e não esquece a crise dos "pés quadrados"
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Aboubakar já conhece as coreografias todas do 4x3x3 de Julen Lopetegui e não esconde que se sentiu intimidado pelo profissionalismo do clube, quando chegou ao Porto no início da época passada. "O esquema está muito trabalhado, o treinador quer a equipa a jogar organizada desde a saída de bola do nosso meio-campo para alcançarmos rapidamente o avançado e fazermos subir o bloco. Depois de receber a bola, o avançado toca para o médio, que abre nas faixas, ou procura a profundidade com outro médio que se desmarca, quando o avançado baixa ao círculo central. Tudo é trabalhado, já repetimos esses gestos centenas de vezes, tornou-se automático", explicou numa reportagem da "Camfoot".
Aboubakar não esquece a fase em que perdeu o pai e atravessou uma crise de golos no Valenciennes. As críticas que ouviu de Daniel Sanchez, treinador do clube, em 2010, foram duras até quando o Marselha se interessou por ele. "O Élie Baup telefonou ao Sanchez e ele disse que eu tinha os pés quadrados. Estava a desperdiçar muitas oportunidades e começaram a dizer isso, porque eu não era suficientemente hábil em frente da baliza", recordou.
Concorrência: "Quando cheguei de Lorient assisti ao FC Porto-Lille (2-0) e fiquei impressionado. Pensei: como é que vou fazer para jogar nesta equipa. Ao nível mental temos de ser muito fortes. A exigência é permanente. Chegamos ao centro de treinos às 9 horas e toda a gente é pontual. Em França há sempre um que se atrasa. Tomamos o pequeno-almoço juntos e subimos ao relvado às 10h30 para começar a treinar. Antes disso, todos se dirigem para a sala de musculação e estão sempre lá alguns a trabalhar. Isto é a concorrência. Assim que dizes que te sentes cansado, o treinador coloca-te à margem. Mas nunca sabes se o que acaba de chegar não te vai ficar com o lugar. Nunca tive treinos tão intensos".
Maxi intimida: "Maxi Pereira tem uma reputação forte e é levado muito a sério pelos adversários e já os tem avisado que se tentarem habilidades com ele vai cair em cima deles e que será melhor tentar isso na outra faixa".
O exemplo Rúben Neves: "O treinador não precisa de nos motivar. Isso tem de vir de nós próprios, logo à saída de casa. É válido para mim e para os mais jovens como Rúben Neves, que já tem responsabilidades enormes no grupo. Por vezes, no futebol elogia-se um jovem e ele começa logo a relaxar. É um perigo. É claro que gostam de ouvir isso, mas quando és bom não precisas que o digam".
Reputação africana: "Não devemos dormir sobre aquilo que já conquistamos, sobretudo os jogadores africanos, que têm uma reputação pouco famosa, por causa do comportamento de alguns dos nossos antecessores, cuja mentalidade só mudou com o avançar da carreira, porque é fácil perdermos a humildade quando chegamos à Europa e começamos a ganhar dinheiro".
