Bisou pela quarta vez, mas estreou-se a fazê-lo na liga. Dose dupla só três vezes na Taça, uma contra o Vitória, próximo rival
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Abelito e ainda mais Abelito. É assim que em Braga todos se curvam à magia fulminante do avançado de Almussafes, que desmontou um problema bicudo chamado Casa Pia e animou a equipa para o sprint final com o FC Porto pelo pódio da liga, havendo um embate entre ambos na Pedreira, na última ronda, que tudo deverá decidir.
Rui Duarte lançou atacante ao intervalo, abdicando de Banza, e o espanhol, com dois golos, candidata-se a ser referência ofensiva da equipa contra o Vitória e FC Porto na luta feroz pelo pódio da Liga.
Essa esperança renasceu muito com Abel Ruiz, que estancou primeiro o efeito anímico do lado dos casapianos após o 1-2, conseguindo desfazer os últimos vestígios de incerteza e levar a multidão ao rubro com um golo de bandeira, tiraço de fora da área, colocadíssimo, e abençoado pelo sentido de oportunidade. Chegava-se ao minuto 88 e o Braga corria contra a pressão do tempo e do desgaste acumulado, por conta da expulsão de Djaló.
Abel Ruiz bisou pela primeira vez esta época, e estreou-se a fazê-lo na liga desde que defende o Braga, mas já tinha três exemplos anteriores com golos em versão dupla, sempre na Taça de Portugal. A noite grandiosa do antigo avançado do Barcelona, já internacional A por Espanha, ficou espelhada nos abraços dos companheiros, foi consensual a sua procura após o apito final. Abel goza de popularidade no balneário, conferida pelos anos de casa, pelo contributo já dado, por lutas delicadas e esgotantes quando esteve arredado do acerto com as balizas, e por ser um assíduo animador/dj do grupo, como reconheceu Paulo Oliveira.
Ruiz alcançou os 38 golos em 187 jogos pelo Braga, procurando com os oito de 2023/24 chegar-se perto dos 11 de 2020/21 e dos 12 de 2022/23, que ostenta como melhores registos
O camisola 9 respondeu de forma triunfal a uma aposta sem ponta de receio de Rui Duarte, já que ao retirar o goleador Banza ao intervalo, com a equipa longe do desfecho desejado, confiava cegamente no poder resolutivo do homem nascido na Comunidade Valenciana. O avançado espanhol carregou essa crença de que podia viver a sua noite mais feliz da temporada, foi buscar as melhores virtudes, sendo subtil e explosivo, em duas finalizações distintas. Movimentos à Benzema, talvez sim, como previra Gabri Veiga, seu colega dos sub-21.
Um fartote de estímulos para Abel Ruiz quando o Braga chega a importantes decisões classificativas, vendo o Vitória já mais longe, pelo retrovisor, e mantendo velocidade constante no acosso ao FC Porto. Aos guerreiros só sobram, aliás, embates com estes opositores, tendo Abel, agora destinado a sentar Banza, memórias francamente boas dos seus duelos com o Vitória, pois outra noite épica que viveu, a bisar, foi a reviravolta, até ao 3-2, nos oitavos da Taça de Portugal de 2022/23.
Após ter chegado aos oito golos na época, 38 no total da sua passagem de altos e baixos pelo Minho, o internacional espanhol cresceu de rendimento já em 2024, sobretudo, a partir do momento que decidiu o jogo contra o Sporting na Taça da Liga. Rei das seleções musicais no balneário, ganhou moral para insistir com o seu reggaeton favorito do granadino Saiko Beibe. No final do Casa Pia bem que deve ter tentado impor a sua autoridade, mesmo aos que fogem desse género musical.