Defesa-central Romeu Abazaj tem apenas 17 anos e é um dos juniores que treinam com o plantel muito limitado de Tozé Marreco. Para ele, é uma oportunidade
Corpo do artigo
Na lógica latina de viver o futebol, a realidade do Tondela dir-se-ia fruto de um desses cenários retorcidos que desafiam a imaginação, quando se trata de rogar pragas a um rival. Despromovido ao segundo escalão, sete anos e algumas salvações milagrosas depois, acabou a época a perder no Jamor, numa final inédita da Taça de Portugal, e caminha agora para o reencontro com o FC Porto, na Supertaça, sob o peso de um castigo imposto pela FIFA que proíbe o registo de novos contratos.
Se mais ninguém sair no mercado de verão, Tozé Marreco conta com 25 jogadores, entre eles cinco ex-juniores e dois juniores. Não deseja ao pior inimigo. No entanto, há quem olhe para este cenário inquietante sem se perturbar e veja nele uma oportunidade para crescer depressa. Romeu Abazaj tem apelido de central e o sonho de ser como pai, Eduard Abazaj, albanês que fez carreira em Portugal. Aos 17 anos, é um dos juniores do plantel (Cascavel é o outro) e não podia andar mais contente com este desafio.
O mais exigente dos cenários não assusta quem tem tudo a ganhar no futebol e até cresceu com um ex-futebolista e treinador em casa. Romeu Abazaj olha para o futuro com coragem.
"Não é uma situação boa para o Tondela, mas há que aproveitar as oportunidades e é um orgulho imenso para mim e para a minha família ver-me a treinar com a equipa sénior. A cada dia que passa, dou o melhor. Quero conquistar o meu espaço e permanecer aqui", garante, decidido a superar-se nesse esforço exigido ao coletivo. Treinar com os seniores e jogar com os juniores é uma possibilidade e este contacto com a realidade da segunda liga profissional "é muito bom" e uma "porta que fica aberta". Essa esperança basta-lhe.
"Há muitos jovens da minha idade que sonham com isto que estou a viver e para mim é um orgulho", conta, no final de um desses treinos com a Supertaça no horizonte. Romeu não pôde estar no Jamor, por motivos familiares, mas já conta os dias para o jogo de Aveiro. Imaginou todos os cenários. Se estiver "na bancada com os outros", isso já será "muito bom", lembra, mas a ideia de "conseguir um espacinho" mais perto da discussão do troféu soa irresistível. "Vou trabalhar para isso, como é óbvio", garante, com o sorriso de quem tem tudo a ganhar.
15045485
15046710