A resposta do Benfica à covid-19 ao pormenor: garantias sobre vendas e formação
Encarnados lançam operação obrigacionista depois das perdas de "20 a 25 M€" projetadas por Vieira.
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O Benfica vai voltar aos mercados para lançar um novo empréstimo obrigacionista, de 2020 a 2023, agora no valor de 35 milhões de euros. De acordo com o prospeto revelado ontem no sítio da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), cada título será vendido a cinco euros, com uma taxa anual bruta de quatro por cento, não sendo descurada a possibilidade de o valor da subscrição ainda vir a ser aumentado.
Contas feitas, e excluindo taxas e custos, a SAD espera encaixar aqui 33,8 M€ líquidos, importantes para fazer face à covid.19.
A pandemia afetou também a contabilidade encarnada e no início do mês Luís Filipe Vieira apontara, em entrevista à BTV, para "prejuízos de 20 a 25 milhões de euros", sendo que o prospeto assume que a doença "terá um impacto significativamente adverso", referindo que a "realização de jogos à porta fechada, nomeadamente os cinco" na Luz causou uma "redução de receitas de aproximadamente cinco milhões no período em causa".
No prospeto é revelado que a pandemia "terá impacto significativamente adverso", que não serão vendidos "atletas relevantes até final da época" e que na formação haverá uma "política sólida e agressiva"
Na rubrica dos riscos possíveis, a pandemia ocupa papel central, com a SAD a lembrar o "estado de emergência" em Portugal e noutros países, estando ainda por calcular todos os custos devido à "redução de prémios da UEFA, receitas de bilheteira e proveitos decorrentes das transações de atletas".
Ao todo, para já, serão colocadas no mercado sete milhões de obrigações numa operação a iniciar-se a 29 deste mês e a fechar dia 10 de julho, com o reembolso previsto para julho de 2023. Com este empréstimo, serão três os que os encarnados passarão a ter no ativo, num total de 95 M€: 2018/21 (os 45 M€ iniciais foram reduzidos a 20 M€ devido a um reembolso parcial), 2019/22 (40 M€) e 2020/23 (35 M€). Segundo o prospeto, esta nova operação visa reforçar o financiamento após, em janeiro e em abril, terem sido feitos reembolsos de, respetivamente, 25 M€ e 50 M€.
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"Através da oferta pública de subscrição, a Benfica SAD visa obter fundos prosseguindo uma estratégia de diversificação e otimização das fontes de financiamento, sendo estes utilizados para o reforço de liquidez na sequência do reembolso do empréstimo obrigacionista denominado Benfica SAD 2017-2020 e para o desenvolvimento da sua atividade corrente", lê-se no documento, no qual a SAD explica não ser "expectável que ocorram alienações de direitos de atletas relevantes até ao final da época 2019/20" devido à "conclusão tardia dos campeonatos" e pela "alteração do período de abertura e encerramento da janela de transferências". Fica, também, prometido manter uma "política sólida e agressiva de desenvolvimento" dos jovens da formação: "Tanto a equipa B como outras equipas da I Liga e de topo de outros campeonatos europeus continuarão a ser um instrumento fundamental neste processo de maturação acelerada."
Processos podem afetar a reputação
Entre os riscos surgem, também os processos judiciais. No documento fala-se, por exemplo, do "caso e-Toupeira, que ainda se encontra em curso e em fase de recurso", e da "Operação Fora de Jogo", com as buscas feitas na Luz a 4 de março passado "ainda em segredo de justiça". Os encarnados receiam sofrer custos de imagem. "Não existem quaisquer ações de natureza judicial, arbitral ou administrativa que possam vir a ter ou tenham tido no passado recente um impacto significativo na situação financeira do emitente e/ou do grupo Benfica", diz-se, mas é frisado que algum processo "poderá ter impactos na reputação e imagem".