"A perceção do risco financeiro dos investidores do FC Porto neste momento é mais positiva"
Mais de três mil investidores aderiram a uma operação cujo objetivo é reembolsar o empréstimo obrigacionista que vence este mês. Administrador financeiro da SAD faz um balanço muito positivo da oferta lançada e olha para o resultado como “um sinal de confiança” na capacidade e na situação da SAD.
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O empréstimo obrigacionista lançado pelo FC Porto a 17 de março encerrou na sexta-feira, com a obtenção dos 50 M€ desejados pela SAD no mercado, mas a procura superou amplamente a oferta. Mais de 3200 investidores participaram nesta operação, que incluía duas componentes: uma de subscrição (1899) e outra de troca (1345). O resultado foi comunicado, ontem, à Comissão de Mercado e Valores Mobiliários (CMVM) e recebido com satisfação por José Pereira da Costa.
“O nosso objetivo inicial era os 30 M€, mas, em função da procura registada, que foi grande, e também porque temos um empréstimo a vencer-se agora em abril no valor de 50 M€, decidimos aumentar a oferta para esse montante. Mesmo assim, foi superado, atingindo os 58,4 M€, ou seja, 8,4 M€ acima”, explica o administrador financeiro da sociedade azul e branca a O JOGO. Se quisessem, os dragões poderiam, “no limite, ter ido até aos 58 M€”. No entanto, Pereira da Costa considera que 50 M€ “é mais do que o suficiente para concretizar o objetivo”, que passava por “conseguir o reembolso das obrigações que vencem em abril”.
Seja como for, o resultado deste empréstimo surge no seguimento de outro, lançado em dezembro, no valor de 30 M€, em que o FC Porto só logrou 21 M€. Uma operação que Pereira da Costa via como “mais difícil do que esta”, uma vez que não contemplava “a componente da troca, que representa sempre um montante relevante”. Mesmo assim, o CFO portista admite que “a perceção dos investidores do risco financeiro” da sociedade “é mais positiva neste momento e poderá ter ajudado” neste desfecho, para o qual também contribuíram outros fatores.
“A maturidade desta operação é mais longa do que a anterior, que era ligeiramente inferior aos três anos. Esta é de três anos e oito meses, pelo que achamos por bem compensar os investidores com uma taxa de juro (5,5%) um bocadinho acima da anterior (5,25%). Um universo de 3244 investidores é muito relevante e a confiança que têm na capacidade e situação financeira do FC Porto deixa-nos satisfeitos”, sublinha.
Folga para abater dívida
SAD fará “amortização adicional” de obrigações de custo elevado. Direitos televisivos na mira.
Com a conclusão do empréstimo obrigacionista a atingir os 50 M€, Pereira da Costa refere em O JOGO que o FC Porto fica agora com “alguma folga para continuar a abater dívida financeira de custo mais elevado, nomeadamente a ligada aos direitos televisivos”. “Antes desta oferta já tínhamos feito uma amortização extraordinária de 16 M€ e, agora, em função desta operação, vamos fazer uma amortização adicional”, avança o administrador financeiro da sociedade azul e branca. “É nossa intenção continuarmos a fazer mais amortizações extraordinárias, porque esta operação é bastante onerosa. Foi feita mais ou menos há um ano, quando o FC Porto estava numa situação financeira relativamente difícil. A entidade que financiou na altura achou que devia aplicar uma taxa bastante elevada, como falou o presidente [na entrevista a O JOGO/JN], nos 10/11%”, lembrou.
Por isso, Pereira da Costa sustenta que, “quanto mais depressa for amortizada essa operação, maior alívio em juros” terão os dragões. “Esta é uma das prioridades. À medida que temos capacidade financeira, vamos fazer estas amortizações extraordinárias”, concluiu.