Fábio Pereira ficou eufórico quando garantiu a subida à Liga SABSEG. É o maior feito na carreira do treinador. Em Oliveira de Azeméis é apontado como o principal obreiro do regresso da Oliveirense à II Liga. O madeirense não só cumpriu o objetivo como teve o condão de voltar a unir os adeptos à equipa.
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Fábio Pereira permite euforias nestes primeiros dias após a subida de divisão, mas lembra que ainda há um título para conquistar no Jamor. O treinador madeirense, que pegou na equipa após uma fase difícil que culminou com a despromoção à então recém-criada Liga 3, destaca a qualidade do grupo de trabalho como principal chave para o sucesso, num ano em que a Oliveirense comemora o centenário.
Qual foi o segredo para este desfecho do campeonato?
- O segredo foi mantermos os pés assentes na terra, saber que vínhamos de um momento difícil da época anterior, saber que precisávamos de boas pessoas e de gente com ambição dentro do grupo de trabalho, e acho que conseguimos reunir um grupo de jogadores e de elementos da equipa técnica com capacidade suficiente para podermos disputar todos os jogos com ambição de ganhar. Esse foi o segredo! Criámos um grupo de trabalho muito forte. Obviamente, também tivemos um bocadinho de sorte em alguns jogos, mas com uma identidade muito forte que fomos criando ao longo destes meses.
Quando é que se apercebeu que a subida estava ao alcance da equipa?
- Fomos por etapas e conseguimos ter o discernimento para perceber que o campeonato ia ser muito disputado, que a primeira fase ia ser, e foi, muito disputada e tínhamos que ir por um objetivo de cada vez. A partir do momento em que entrámos no lote dos últimos oito tudo podia acontecer, sempre com a ambição de conseguirmos o melhor resultado a cada jogo.
Chegou à Oliveirense numa das piores fases do clube, após uma descida de divisão, uma renovação total do plantel e os adeptos de costas voltadas para a equipa. Como foi reestruturar a equipa e fazer as pazes com os adeptos?
- Foi mais fácil do que as pessoas possam pensar. A situação era muito difícil e tudo o que conseguíssemos era "lucro". As pessoas perceberam que tipo de trabalho nós queríamos fazer, que tipo de pessoas estávamos a trazer para o clube, que tipo de jogadores iam vestir esta camisola, e a partir do primeiro jogo oficial os adeptos começaram a acreditar um bocadinho mais, tornando mais fácil o nosso trabalho.
Como é que passou a última noite, sabendo que uma vitória frente ao Leiria garantia o tão desejado regresso à II Liga?
- Foi tranquila. Os jogadores estavam muito motivados para este jogo, trabalharam imenso durante a semana e isso deixou-me tranquilo e com uma expectativa muito positiva para o resultado que aconteceu e para uma boa exibição, como também aconteceu.
Qual é o seu sentimento?
- Uma alegria e uma felicidade muito grandes. Vontade de festejar, obviamente, mas também de fazer uma retrospetiva do que foi o nosso trabalho ao longo da época, de pensarmos onde podemos melhorar e pensarmos no que aí vem, que é também importante. Nos próximos dias vamos festejar e preparar o próximo jogo, no domingo, frente ao Braga B.
Vem aí também um título para disputar. Era a cereja no topo do bolo num ano em que a Oliveirense comemora o 100.º aniversário?
- São 50 por cento de hipóteses para cada uma das equipas, mas ainda não sabemos quem será o adversário. Assim que soubermos, tentaremos preparar-nos da melhor maneira possível e tentar alcançar o último objetivo que falta e que queremos conquistar.
Na próxima época como vai ser?
- Ainda não sabemos. Temos tempo para falar sobre isso.
O ponto mais alto numa carreira feita em "clubes humildes"
Aos 43 anos, Fábio Pereira vive o momento mais alto da carreira de treinador. Uma época depois de ter trocado o Oleiros, do Campeonato de Portugal, pela Oliveirense, na Liga 3, o técnico madeirense festeja a promoção aos campeonatos profissionais, tornando-se no primeiro a conseguir uma subida de divisão na nova Liga 3.
"Em termos de resultados desportivos este é o ponto mais alto, sem dúvida. É também o clube com as ambições mais altas onde estive até hoje, mas também tive outros momentos que me marcaram bastante, clubes humildes, que passavam muitas dificuldades, e esse trajeto todo foi uma aprendizagem muito grande, que me fez crescer muito como pessoa e como treinador", afirmou, agradecido, Fábio Pereira.