"A minha mãe não queria que eu jogasse futebol, então não me comprava chuteiras"
Abdul Awudu, médio de 22 anos, deu nas vistas ao serviço dos sub-23 e foi promovido à equipa principal, pela qual já leva sete jogos. Pai revelou-se desde cedo uma inspiração decisiva. O ganês, que se juntou ao Vizela esta temporada, agradece o apoio de treinadores e companheiros na ascensão.
Corpo do artigo
Com 22 anos, Abdul Awudu delineia uma trajetória repleta de sonhos e coragem. Desde tenra idade, o médio ganês, que representa o Vizela, respirava futebol, influenciado pelo pai, ex-jogador. “Foi numa idade precoce. O meu pai jogava futebol, levava-me com ele, e foi aí que percebi que queria ser jogador e que gostava mesmo da bola”, partilha, em entrevista a O JOGO. Apesar do apoio paterno, o percurso de Abdul não foi desprovido de desafios. A progenitora, preocupada com a educação, resistia à ideia de vê-lo dedicado exclusivamente ao futebol. “A minha mãe não achava muita piada, pois queria sempre que eu fosse para a escola. Não queria que eu jogasse futebol, então não me comprava chuteiras, mas eu confiava muito em mim”, acrescenta.
Abdul colhe agora os frutos dessa confiança e perseverança, numa temporada que marcada pela chegada ao Vizela, proveniente do Valadares. “Quando vi o presidente do Vizela a assistir aos nossos jogos no Valadares e, posteriormente, a apresentar-me um contrato, percebi que era uma oportunidade que não podia deixar escapar. Decidi assinar de imediato”, revela o médio, que começou no plantel de sub-23, onde deu nas vistas: “A Liga Revelação ofereceu-me o sonho”.
Abdul, cujos cinco golos em 15 jogos ajudaram o Vizela a apurar-se para a fase de campeão da Liga Revelação, foi promovido à equipa principal, onde já acumula sete jogos. O ganês expressa a felicidade por alcançar o patamar mais alto e reconhece o apoio que recebe de todos à volta. “Estive com a equipa principal durante a pré-época e estou contente por regressar definitivamente. O mister Rubén de la Barrera é uma pessoa muito afável, tal como os restantes treinadores. Receberam-me muito bem, tratam todos de forma igual. Porém, tenho de destacar os meus colegas de equipa, que são espetaculares. Estão constantemente a incentivar-me e a transmitir-me palavras positivas para aumentar a minha confiança”, concluiu o médio.
Jogar na Luz: “Era mesmo eu?”
Numa ascensão vertiginosa, Abdul Awudu, que se estreou na I Liga diante do Estrela da Amadora, partilha as sensações da experiência até agora. “Jogar na I Liga tem sido um desafio, mas todos têm-me transmitido confiança para exprimir o meu futebol”, confessa. Contudo, há um jogo que permanece gravado na memória: o embate com o Benfica, na Luz. “Ao ver os adeptos, milhares de pessoas... questionava-me constantemente se era realmente eu que ali estava, no relvado”, revela o ganês, evidenciando a magnitude e a intensidade desse momento único.