Começa na noite desta segunda-feira a terceira edição da Liga 3, prova que conquistou adeptos, com bancadas cheias, levando responsabilidade social a várias cidades,<br/> e que promete continuar a crescer.
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Arranca esta noite, na Póvoa de Varzim (20h15, Varzim-Braga B), a terceira edição da Liga 3, prova que se tem solidificado cada vez mais no panorama desportivo nacional. A alavancagem dada pela Federação Portuguesa de Futebol tem redundado num êxito dentro e fora do campo, com jogos competitivos, lutas renhidas pela subida à II Liga, recordes de espectadores nas bancadas e iniciativas de responsabilidade social de todos os clubes, que levam solidariedade de norte a sul do país.
Depois de Torreense e U. Leiria, a época que se avizinha trará o terceiro vencedor de uma prova agora sem a final do Jamor. Isto porque uma das grandes novidades da temporada é o novo formato.
Ora, a Liga 3 foi encurtada de 24 para 20 clubes, divididos, dez cada, em dois agrupamentos. Os primeiros quatro classificados, a norte e sul, passam à fase de subida/campeão, enquanto os restantes vão disputar a etapa de permanência/descida. Na luta pela promoção, que contará com oito emblemas, os clubes jogam entre si a duas voltas. Sobem à II Liga os dois primeiros, enquanto o terceiro vai disputar um play-off, a duas mãos, com o antepenúltimo do segundo escalão.
Quanto à luta pela salvação, mantém-se o sistema de bonificação por pontos, consoante a classificação, mas, agora, esta fase é composta por seis clubes, em vez dos anteriores quatro. O quinto classificado começa com seis pontos, o sexto com cinco pontos e assim sucessivamente até ao décimo, que parte com um ponto. Os últimos dois de cada série descem ao Campeonato de Portugal.
Varzim contra todos
Na Série A, o Varzim apresenta-se como um dos grandes favoritos a passar à fase de subida e, seguramente, a procurar voltar à II Liga no final da temporada. Esse era o objetivo dos poveiros na época anterior e, de uma luta até à última jornada pelos quatro primeiros, passou para um sufoco, até à derradeira ronda, pela permanência. Vítor Paneira salvou os lobos do mar, manteve-se no comando e agora tentará repetir o feito de 2014/15. Na concorrência há que ter em conta o Trofense, despromovido da II Liga e que tem, no plantel, um misto de experiência e juventude pronta a dar cartas. Depois, Felgueiras e Braga B disputaram a fase de subida em 2022/23 e o Lourosa está de volta, um ano depois de ter descido, sendo um clube que mostra sempre capacidade de constituir bons plantéis. Fafe, Anadia e Canelas 2010 procurarão fazer um campeonato tranquilo e o Vianense é um dos estreantes de 2023/24. Nesta equação, parece partir mais atrás, numa série nivelada por cima, a Sanjoanense, que começou tarde a pré-época, dificultada por um processo de recompra da SAD por parte do clube, que baixou muito o orçamento e tem um plantel (ainda incompleto) cheio de juventude, vinda sobretudo de escalões inferiores.
A sul abundam os históricos
A sul (que é mais uma série constituída por clubes do centro e centro/sul do país) abundam os históricos. A Académica passou por dificuldades em 2022/23. Melhorou com Tiago Moutinho, refez o plantel e parece ter argumentos para lutar pelos lugares cimeiros. O Alverca é um crónico candidato desde a criação da Liga 3 e a Série B recebeu o despromovido Covilhã, que estava, consecutivamente, na II Liga desde 2008/09. Renovou com Alex Costa, treinador, e tentará recolocar a Serra da Estrela no mapa do futebol profissional. O Amora esteve na etapa de promoção, contudo perdeu o treinador João Pereira para o Alverca. O Caldas tem conseguido desempenhos consistentes, enquanto a irreverência dos jovens do Sporting B procurarão, novamente, alcançar um patamar acima. Manter-se na Liga 3 será o objetivo do Oliveira do Hospital e as novidades são os sintrenses 1º Dezembro e Pêro Pinheiro, este repescado por não ter sido aceite a fusão da B SAD com o Cova da Piedade, e outro histórico: o Atlético Clube de Portugal, que chega à Liga 3 com o estatuto de vencedor do Campeonato de Portugal.
3 questões a Hélder Postiga, diretor da FPF
"Clubes podem contar com mais apoio"
1 Que expectativas tem para a terceira edição da Liga 3?
-É visível o impacto positivo que a competição tem no futebol português. A Liga 3 tem sido marcada pela competitividade e equilíbrio, algo que tem beneficiado todos os envolvidos. Os jogadores e clubes saem valorizados, o espetáculo é garantido, as pessoas têm mostrado grande conexão com os seus emblemas da região e a competição cresce e ganha cada vez mais reputação. Queremos garantir que as boas práticas pelas quais se rege a Liga 3 são respeitadas e fortalecidas. Queremos continuar a estimular o desportivismo e o fair-play entre todos. No fundo, pretendemos continuar a alimentar o "espírito Liga 3", associando todos os valores e princípios que estão a ser promovidos desde o arranque da prova. Desejamos manter vivo o "Puro Futebol".
2 Além da mudança de formato, que outras novidades podemos esperar este ano?
-A alteração de formato é pensada e desenhada para que a competitividade e meritocracia desportiva sejam sempre respeitadas. Este ano, os clubes podem contar com mais apoio para melhoramentos das infraestruturas, uma vez que o fundo de apoio à competição foi aumentado. Com melhores relvados e melhores condições nos recintos desportivos, seguramente o espetáculo será melhor. Ganhamos todos: jogadores, equipas e qualidade de jogo. Com isso, teremos cada vez mais gente nos estádios e melhores transmissões televisivas.
3 A cada ano que passa, este campeonato bate recordes de assistências. Como ex-jogador, olha para a Liga 3 como uma boa rampa de lançamento para quem tem o sonho de fazer carreira nos patamares maiores do futebol português?
- Um dos principais objetivos da competição - bem traçado deste o início - é estabelecer uma plataforma que prepare os clubes para o acesso aos campeonatos profissionais. O plano sempre foi aproximar este espaço aos patamares seguintes, seja a nível desportivo, nas condições apresentadas ou até na visibilidade da prova. É indiscutível dizer que a Liga 3 é um espaço muito interessante para quem ambiciona afirmar o seu nome no futebol português, sejam jogadores, treinadores ou dirigentes. Esta realidade fica bem patente, por exemplo, na forma como emblemas de outras realidades têm olhado e apostado nos jogadores que despontam na Liga 3.
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