Alvalade é o palco para o arranque do campeonato, na noite de hoje. O Sporting, detentor do título, apadrinha o Vizela no seu regresso à I Liga, agora denominada Bwin. Klopp vai estar a ver
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A equipa que chegou em primeiro no final do último campeonato é a primeira a entrar em ação na Liga Bwin, 2021/22.
O futebol volta a encher as agendas, com a Liga Bwin a arrancar no palco da última festa do título, Alvalade. E com um regresso de peso: os adeptos
O Sporting recebe esta sexta-feira o Vizela (20h15), uma das equipas que subiu ao escalão principal, dando o pontapé de saída para um campeonato que, à partida, tem uma boa novidade: os adeptos. A DGS, o Governo e a Liga acertaram as condições para o público voltar aos estádios, abandonando a poltrona que ocupou durante toda a última época, em que o futebol teve as bancada despidas de público por causa do rigor da pandemia, com números que nos mantiveram sempre em sentido.
Foi nas televisões que o campeonato se mostrou e, diz quem o vive, o futebol sem público é uma coisa insossa, estilo feijoada à transmontana sem feijão. Nesta época, a nova normalidade deixa que um terço das bancadas estejam ocupadas, e os jogadores vão com certeza agradecer esse facto, porque são eles os primeiros a sentirem a ausência da emoção nas bancadas. Jorge Costa (ver peça à parte) não tem dúvidas de que o público é mesmo o 12.º jogador e confessa que viveu a emoção de um menino que recebe um brinquedo novo no jogo da Taça da Liga com o Santa Clara, no último domingo, em que teve nas bancadas do São Luís 480 pessoas.
É de golos que a malta gosta e neste particular, o FC Porto foi a equipa que mais contribuiu para a nossa felicidade, marcou 74. O Belenenses abusou, marcou apenas 25
Quantos são os candidatos a vencer este campeonato? O bom era que respondêssemos, TODOS. Mas sabemos que a história se resume a três eternos repetentes nessa ambição. Mais do que a ambição, nas condições para lutar pelo título. E o Braga? Pois, o Braga. Atentemos nas palavras de Carlos Carvalhal, o treinador dos minhotos: "Temos 20/30 por cento do orçamento dos grandes. Em 2028 (n.d.r. centralização dos direitos televisivos) o Braga vai estar em condições, porque tem engenho e arte, de competir com os grandes. Até lá vamos baixar os braços? Não, vamos sonhar que é possível conseguir a melhor classificação, esperando batê-los no jogo a jogo"... Não é o atirar de uma toalha ao chão, mas é o reconhecimento de que as condições não são iguais para todos.
FC Porto, Benfica e Sporting (a ordem é arbitrária) têm orçamentos pornográficos em comparação com os restantes competidores. Claro que vão sofrer dissabores ao longo da prova, porque os orçamentos não entram em campo (quer dizer, não entram, mas ajudam)...
Os treinadores costumam dizer que a janela de transferências, por se prolongar imenso (no caso até ao final de agosto, já com a época em andamento) é a maior inimiga de quem está à frente de um plantel. De repente, sai um jogador que até era considerado fundamental e isso claro que tem influência no imediato. Para já, e com o mercado ainda muito aberto, o FC Porto foi a equipa que mais investiu (29,7 milhões), seguindo-se o Benfica (24,5 milhões) e o Sporting (5,5), mas é muito cedo para se analisar o rol de investimentos - os plantéis vão ser sujeitos a alterações até ao final do mês.
Apesar destas diferenças entre os competidores, podemos antever um campeonato animado, porque cada vez se trabalha melhor nas equipas portuguesas. O público vai dar uma ajuda, e nem é por acaso que Jurgen Klopp gosta de ver a Liga portuguesa. Apesar das discrepâncias, e de ser pobrezinha, tem o seu encanto...
CURIOSIDADES
AF Braga vira "DDT"
O futebol no Minho ganha cada vez mais força, ao ponto de ser neste campeonato o mais representado de todas as regiões do país: são seis os clubes; Braga, V. Guimarães, Moreirense, Famalicão, Gil Vicente e Vizela. A AF Porto perdeu um clube (Rio Ave) e são agora apenas três: FC Porto, Boavista e P. Ferreira. Ao contrário, Lisboa tem agora quatro; Benfica, Sporting, Belenenses e Estoril.
Ninguém como o Gil Vicente
A equipa de Barcelos bateu, até agora, toda a concorrência em termos de reforços: 14, para colmatar as 12 saídas do plantel. Logo atrás está o Marítimo, com 13 (foram 16 as saídas). No sentido inverso, o Moreirense foi a equipa que menos reforçou o plantel, apenas três aquisições.
Benfica termina em Paços
Costuma dizer-se que não é como começa, mas como acaba. E na última jornada o Benfica é, dos três grandes, o que tem o maior grau de dificuldade, joga em Paços de Ferreira. O FC Porto recebe o Estoril e o Sporting os açorianos do Santa Clara.
Outros campeões à nona jornada
Na história dos campeonatos, só o Belenenses e o Boavista ousaram escrever o nome na galeria dos campeões. Os dois "intrusos" vão encontrar-se à nona jornada. É a velha a discussão de quem é o quarto grande. O facto de terem conquistado um título costuma ser usado como argumento, mas os portuenses têm cinco Taças de Portugal e os lisboetas três. Também conta.
Dérbis quentes mais para o fim
É já na segunda jornada que Braga e Sporting se defrontam, na Pedreira. Este é o primeiro duelo entre grandes. O Sporting recebe o FC Porto na 5.ª jornada e os portistas recebem as águias na 15.ª. O sempre escaldante Benfica-Sporting está marcado para a 13.ª jornada.
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Jorge Costa não tem dúvidas que os adeptos são mesmo o 12.º jogador. E confessa abertamente
"Senti um frio no estômago"
Ter o público de volta aos estádios nesta nova época, depois de uma temporada a seco, é uma alegria para a família do futebol. Os jogadores ouvem menos os treinadores, mas isso nem é mau
"Tenho a certeza que se o Farense tivesse tido público nas bancadas, não tinha descido de divisão", esta afirmação de Jorge Costa é bem demonstrativa da importância que é ter os adeptos nas bancadas. O treinador dos algarvios viveu a última época entre a Roménia e Portugal... sem público nas bancadas. "Num caso e noutro, foi uma sensação muito estranha, que obrigou a uma adaptação dos treinadores dos jogadores, das estruturas; não estávamos preparados para uma coisa daquelas", conta o Bicho que, no último fim de semana, teve público no Estádio S. Luís...
"Parecia que estava no início da minha carreira. Eu entro para o estádio mesmo em cima da hora do jogo, não assisto ao aquecimento sequer. E quando saí do túnel e me apercebi do público nas bancadas, senti um frio no estômago. Incrível. Foi muito bom voltar a ter os adeptos nas bancadas. Outros dirão o mesmo, mas os nossos adeptos são dos bons. Não é por acaso que se diz que os adeptos são o 12.º jogador. Os futebolistas sentem essa necessidade de ter o carinho dos adeptos, que os motivam e os levam muitas vezes à superação".
No final do jogo da Supertaça, Rúben Amorim disse que o mérito de a equipa ter dado a volta ao resultado foi dos jogadores, "porque agora com público já nem me ouvem"... É mesmo assim? Jorge Costa concorda... "É verdade, com adeptos nas bancadas os jogadores não ouvem as nossas mensagens. Neste último ano foi curioso porque ouvíamos tudo, inclusive as instruções dos adversários, o que nos permitia até reagir mediante uma determinada situação. Não me importo que não me ouçam. Sempre foi assim, quero é ter adeptos a viver o jogo".
Público: agora é que vamos ver
A última jornada da Taça da Liga trouxe de volta o público aos estádios, com a permissão para um terço das lotações. Nessa jornada da Taça da Liga, no entanto, apenas cerca de um sexto dos lugares disponíveis foi aproveitado pelos adeptos nas sete partidas da segunda fase, com o Casa Pia-V. Guimarães a ser aquele onde metade da lotação disponível foi utilizada (isto tem a ver com a força dos adeptos vitorianos). A novidade muito em cima da hora, a pandemia, as férias, podem ter tido influência, veremos como será agora esta nova normalidade.