A hora dos caçadores: o que têm Seferovic e Taremi em comum e o que os distingue
Seferovic e Taremi estão em grande. Há muito a separá-los, mas algo que os liga: entram de mansinho e são letais na segunda parte
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O clássico de quinta-feira tem tudo para poder assumir um peso decisivo quanto ao pódio da liga portuguesa, no qual FC Porto e Benfica têm na mira o apuramento direto, e sem sustos futuros, para a fase de grupos da Liga dos Campeões.
Para tal, ganhar na Luz será, para qualquer um dos emblemas, algo de valor elevado e essa missão terá em Seferovic e Taremi elementos chave. Referências dos respetivos ataques, os dois pontas de lança imitam-se, apesar das diferentes características, num ponto para o qual tanto Jorge Jesus como Sérgio Conceição estarão alerta: suíço e iraniano costumam vir com fogo do balneário após o intervalo, razão pela qual apresentam entre os minutos 46 e 60 uma grande fatia os seus golos: 39% para cada um, aproximadamente.
Numa análise global, o suíço marcou 83,3% (15) dos seus golos nas segundas partes, enquanto a produção do iraniano cifra-se nos 69,2% (nove). O aviso está dado, para que ninguém volte do balneário distraído.
O atual melhor marcador da Liga NOS já faturou cinco vezes no último quarto de hora. Moreirense (80"), Farense (79" e 87"), Braga (86") e Paços de Ferreira (78") sentiram essa faceta, numa série de partidas onde as águias apenas não ganharam na receção aos arsenalistas. Já Taremi, apenas por duas vezes no campeonato apareceu na fase final a faturar, resgatando um ponto contra o Boavista (83") e com Moreirense (86"), aqui de penálti, uma das especialidades do jogador vindo do Irão: em Portugal, entre Rio Ave e FC Porto, teve 11 cobranças (duas pelos azuis) e não desperdiçou nenhuma. Seferovic, pelo contrário, ainda nunca tentou.
O perfil completo dos dois ilustra bem as características de cada um. O suíço é um verdadeiro bombardeiro com o seu pé esquerdo, o dominante, com o qual fez 12 dos 18 golos, assumindo uma presença muito forte na pequena área, com seis golos nessa zona. Já o iraniano não dispensa o seu pé direito como principal fonte de perigo, com o qual fechou nove dos 13 golos na Liga, 12 deles na grande área e apenas um na pequena.
Jogos anteriores com sentimentos diferentes
A nível individual, o portista segue para a Luz atrás do golo 21 em todas as provas da época, o que lhe permitiria igualar já o melhor registo em Portugal, no caso na época passada pelo Rio Ave. Já Seferovic, procura o 23.º tento da temporada, estando ainda a cinco do seu melhor desempenho, em 2018/19, quando fez 27. Nos dois jogos anteriores entres as duas equipas nenhum marcou. Mas ambos têm histórias diferentes para contar. Na Supertaça ficou-se a rir Taremi, que sofreu penálti para o primeiro golo da vitória portista. Seferovic, que aí saltara do banco, fez uma assistência no empate (1-1) no Dragão na primeira volta da Liga NOS. Nesse o iraniano ficou com a fava: foi expulso e terminou a pedir desculpa a colegas, técnicos e adeptos.
Suíço mais eficaz e com maior peso
O desempenho de Haris Seferovic e de Mehdi Taremi por Benfica e FC Porto, respetivamente, mostra dois avançados de estilos e qualidades diferentes. Contudo, naquilo que mais pesa, que é o golo e a forma como ele se cria, é o internacional suíço aquele que melhor "cartel" apresenta na Liga NOS, tanto na eficácia de remate como na participação em golos. Assim, Seferovic esteve de forma direta na criação de 24 dos 58 tentos encarnados (14 golos, seis assistências) enquanto Taremi esteve em 17 dos 61 dos dragões (13 golos, quatro assistências). Ou seja, o avançado das águias "pesa" mais na produção ofensiva da equipa de Jorge Jesus (41,4%) do que o atacante portista (27,9%). Já em eficácia de remate, ou seja, a relação de golos com as tentativas, Seferovic tem 25,4% e Taremi 19,4%, sendo o suíço aquele que maior média de disparos por jogo ensaia. Em termos de tempo necessário para chegar ao golo, é também o helvético quem menos precisa, apenas 106 minutos enquanto o iraniano festeja a cada 150".
Apesar disso, Taremi dá outro tipo de ganhos à formação liderada por Sérgio Conceição quando comparado com o colega de profissão. Assim, o camisola 9 dos nortenhos é superior nos duelos ofensivos que ganha (40,9% para 25,7% de Seferovic), nos passes certos (77,3% para 72,6%), nos passes para a área contrária (71,9% para 48,7%) e, até, no trabalho defensivo, que se espelha nas recuperações por jogo (3,1 para 1,6). Por seu lado, Seferovic responde com um maior número de duelos ofensivos que disputa por jogo (8,1 para 7,9), ganha mais duelos aéreos (46,6% contra 37,4%), e ainda se safa melhor no drible, num sucesso de 53,3 por cento contra os 47,9 de Taremi.