A história do menino-recorde do Sporting: "Apesar das ilusões que lhe tentaram criar..."
O percurso do petiz que tem estado a treinar com os sub-23 B, a forma como chegou ao Sporting, as origens familiares, são igualmente memórias de quem o recrutou, como contou Luís Dias.
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Luís Dias, antigo treinador e coordenador técnico até aos sub-13 do Sporting, contou a O JOGO a história de vida de Dário Essugo, atleta que recrutou para o clube e que, no sábado, tornou-se no jogador mais jovem de sempre a aturar pelos leões em jogos oficiais.
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"Jogava no União de Santa Maria, tal como o irmão Danilo [que é de 2002 e joga nos juniores], e conseguimos garantir a confiança da família, de origem angolana, mas o Dário já é português. A mãe foi jogadora de andebol e ele ficou nos benjamins, mas não havia disponibilidade para andar com os meninos. Então tivemos de garantir o transporte para o Estádio Universitário [em Lisboa]. A família é muito humilde, religiosa, é isso que permite o discurso do Dário no final do jogo, porque é bem formado", disse, prosseguindo: "Durante dois anos, em 70% do tempo fui buscá-lo à escola primária. O Danilo já conseguia ir de transportes. O Dário passou a fazer uma estação de metro a partir do sexto ano para ir treinar".
Essugo foi evoluindo e acabou por entrar para a Academia nos sub-14 e nem os sucessivos assédios de que foi alvo levaram a que o atleta se desviasse do rumo, como deu conta o técnico, sem pretender entrar em grandes considerações técnicas.
"Ainda para mais ele não jogava desde março de 2020 nos sub-15. Queimou as etapas todas. Sentia que podia ser um jogador muito diferente da média"
"Apesar dos assédios e ilusões que lhe tentaram criar à volta, a família sempre esteve focada na dificuldade da vida, da dedicação, do empenho. Ele é bom aluno. Tinha de ter uma explicação ou outra e nunca faltava. Nunca abdicou. À partida estará no décimo ano", frisou, considerando que o que Dário Essugo viveu anteontem em Alvalade é difícil de igualar.
"A conjetura permitiu a Rúben Amorim levar os miúdos na convocatória. Havia um recorde a bater e dificilmente será batido. Fez um contrato profissional, registou-se no mercado de trabalho, estreou-se muito novo... tem de haver um alinhamento grande para poder repetir-se isto. Ainda para mais ele não jogava desde março de 2020 nos sub-15. Queimou as etapas todas. Sentia que podia ser um jogador muito diferente da média. Foi campeão nacional com os iniciados, agora aparece na equipa principal. Sempre acreditei que ele ia lá chegar", concluiu.