Bruno Pinheiro treinou Romário no Estoril e recorda-o como um "desequilibrador vertical", mais confortável no eixo das operações. O agora treinador do Al Sadd sublinha, a O JOGO, que o médio "tem sido penalizado por alguma inconsistência", mas reconhece valências que o distinguem de nomes como Grujic e Eustáquio.
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O arranque da nova época tem sido sinónimo de recomeço para Romário Baró. No sábado, o médio formado no FC Porto assumiu parte decisiva no empate (1-1) com o Rayo Vallecano, ao assistir Namaso para o empate, aos 90"+8". O momento foi uma espécie de corolário das boas indicações deixadas nas últimas semanas pelo jovem, que, após empréstimos pouco frutíferos, vai alimentando firmes esperanças de reservar lugar no elenco final dos dragões.
Mas o que mudou em relação a anos anteriores? Aos olhos de Bruno Pinheiro, que orientou Baró no Estoril em 2021/22, a colocação do jovem em terrenos mais centrais pode ajudar a explicar a afirmação recente.
"As qualidades que tem favorecem um posicionamento mais central, como tem acontecido ultimamente. Vejo o Romário mais no corredor central, mas os jogadores têm de se adaptar às necessidades da equipa. Antes de ser emprestado ao Estoril, vi-o a atuar mais por fora e também esteve bem", analisa o agora treinador do Al Sadd, a O JOGO.
Os apontamentos de qualidade deixados pelo médio, de 23 anos, não surpreendem Bruno Pinheiro. "A questão da qualidade nem se coloca quando falamos do Romário. Esta pré-época não me surpreende nada, porque ele já tinha marcado muitos golos antes de ser cedido ao Estoril", recorda o técnico português, que vê no vencedor da Youth League 2018/19 valências que o distinguem das outras opções para o miolo, como Grujic e Eustáquio. "A grande diferença está no desequilíbrio ofensivo. O Romário tem uma capacidade fortíssima de progressão com bola, é desequilibrador, vertical, forte no um contra um e no último passe. Não quero dizer que é melhor ou pior do que os outros médios do FC Porto, mas dá coisas distintas", aponta.
A partir daqui, para que tudo continue a correr de feição ao camisola 28 dos dragões, há que melhorar no capítulo da consistência. "No Estoril, por exemplo, teve adversidades físicas que não lhe permitiram fazer mais. Tem sido penalizado por alguma inconsistência, mas a maturidade que foi adquirindo pode ajudar a ganhar confiança", vaticina Bruno Pinheiro, ciente de que o meio-campo portista "ainda pode receber mais alguém".
No entanto, mesmo perante esse cenário, caberá a Romário dar provas de que voltou para ficar. A julgar pela pré-época, as perspetivas são mais do que boas.
"Era impensável ver Uribe jogar e fez 90 minutos"
A experiência como técnico do Al Sadd dificilmente poderia estar a correr melhor a Bruno Pinheiro. Domingo, a equipa catari bateu o Al Hilal, de Jorge Jesus, por 3-2, mas o treinador reconhece que "ainda há muito trabalho para atingir o nível desejado". Pronto para ajudar nesse sentido está o ex-FC Porto Matheus Uribe, um "excelente profissional", que no duelo com os sauditas deu prova de resiliência. "Era quase impensável vê-lo jogar e acabou por fazer 90 minutos. Fez uma entorse no jogo anterior, tinha um inchaço na zona do tornozelo, o pé estava do dobro do tamanho normal. Em três dias, recuperou. É um jogador com uma capacidade mental muito forte", conta o treinador.