À espreita de uma segunda vida: Everton e Pizzi podem beneficiar com a "chicotada"
Nélson Veríssimo, que substituiu Jorge Jesus, irá agora moldar a equipa à sua imagem e o camisola 7, que baixou a utilização de 81,2 por cento para 49,1%, já beneficiou: foi titular no Dragão e fez 87"
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A entrada de Nélson Veríssimo para o comando do Benfica, em substituição de Jorge Jesus, promete trazer um outro ar ao plantel, não só pela mudança de ideias que o ex-técnico da equipa B das águias pretende implantar mas também no espaço que os protagonistas passarão a ter daqui em diante, numa espécie de possível segunda oportunidade para alguns, nomeadamente os que já estavam em 2020/21.
A saída de Jesus veio na sequência de um conflito direto com Pizzi e o médio, um dos capitães do grupo, pode até vir a ser um dos beneficiados principais desta chicotada, a par de Everton, cujo empresário chegou a criticar o técnico por colocá-lo a atuar na ala, admitindo mesmo a saída da Luz. Esta dupla viu cair a sua taxa de utilização de forma considerável de uma temporada para a outra, sendo que se Pizzi já perdera espaço com a chegada de Jesus, o camisola 7 era indiscutível.
O internacional brasileiro, que fez saírem 20 milhões de euros dos cofres da Luz, mesmo sem preencher todas as expectativas geradas, somou quatro golos e outras tantas assistências até ao final do ano civil de 2020, sendo escolha do técnico em 81,2 por cento do tempo de jogo: mais utilizado nesse período, acrescente-se, apenas o central Vertonghen que jogou 1710 minutos (86,4% do máximo possível).
Já em 2021/22, Everton nem metade do tempo de jogo aproveitou. Caiu para os 49,1 por cento de utilização e pode, com Veríssimo, ver esse registo subir. Aliás, o novo treinador, que apostou no 4x4x2, ao contrário do anterior 3x5x2 de Jesus, deu-lhe imediatamente a titularidade no Dragão (fez 87"), sendo que desde o anterior jogo no onze (com o Sporting, a 3 de dezembro) Everton apenas jogara de início com o Covilhã, na Taça da Liga, e a fazer todo o corredor direito.
Quanto a Pizzi, peça-chave do Benfica desde 2014/15, teve uma quebra de utilização de quase 30 por cento (27,6%) quando em comparação com a época passada e espera, agora, poder voltar a entrar mais regulamente nas opções. O camisola 21 ainda nem mil minutos de jogo tem na presente temporada, tendo sido chamado por Jorge Jesus em 32 por cento dos 2820 minutos de jogo passados na vigência do amadorense. Esta temporada, perdeu espaço como ala e como médio-centro, somando dois golos e quatro assistências, para dez tentos e dois passes decisivos na temporada passada até ao final de dezembro de 2020. Em minutos, aí também estivera mais em foco, alinhando em 59,6 por cento do tempo possível.
A chegada de João Mário à Luz ditou o apagão de Pizzi e também ainda mais de Taarabt. O camisola 49 tem sido raramente utilizado esta época e procura agora convencer Veríssimo a dar-lhe também oportunidades ao meio.
Na lateral-direita, Gilberto, o ala mais utilizado, mas lançado como titular por Nélson Veríssimo, perdeu também minutos, fruto do elevado número de opções para o posto: Diogo Gonçalves, Lázaro, o regressado de lesão André Almeida, que também atuou como central, e até Radonjic.
Seferovic contra lesões e concorrência
No ataque, Seferovic também teve uma primeira metade de 2021/22 complicada. Vendo a concorrência crescer, fruto da chegada de Yaremchuk, o internacional suíço até começou a época como titular, mas uma série de lesões impediram-no de estar à disposição.
Contudo, mesmo depois de recuperado raramente foi opção para Jesus e cumpriu apenas 10,7% dos minutos com o técnico. No Dragão, com Nélson Veríssimo, acabou o jogo na frente, procurando agora mostrar ao novo treinador os argumentos que o levaram a tornar-se o goleador da equipa em 2020/21.
Também com menor tempo de jogo, mas porque falhou o arranque da temporada após uma operação ao joelho direito, Darwin afirmou-se quando regressou. Mereceu a confiança de Jesus, sendo o melhor marcador da equipa, com 18 golos.
Jovens "pedem" oportunidade
Se há quem viu cair a utilização entre a época passada e a atual, também há casos que vão no sentido oposto. O mais evidente é o de Weigl. Alvo de críticas de Jesus inicialmente, até dezembro de 2020 alinhara 907", 45,8% dos minutos possíveis. Mas, na atual temporada e até à saída de Jesus, disparou: 2003", 71% do tempo. Com Nélson Veríssimo, o alemão não deverá perder espaço.
Além dos já referidos Everton, Pizzi, Taarabt e Seferovic, há outros atletas menos utilizados por Jesus podem vir a beneficiar com a troca. Nomeadamente, os jovens com os quais o novo técnico trabalhou diretamente na equipa B, recentemente e no passado. Gonçalo Ramos, que até foi titular no Dragão, Diogo Gonçalves (lançado a... extremo quando era ala com Jesus), Ferro e Paulo Bernardo procurarão jogar com maior regularidade.