Bruno Fernandes foi a figura de 2019 do futebol português. Na escolha do melhor onze do ano, é o estranho numa equipa que mistura Benfica e FC Porto. Mas com mais votos do que qualquer um dos outros.
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A escolha foi dos leitores, democrática como não podia deixar de ser, sujeita a voto secreto medido em muitos milhares. Resultou do escrutínio, claramente composto por votos racionais e apaixonados, uma eleição que se afigura até bastante óbvia para quem está deste lado, o da crítica.
A bipolarização entre Benfica e FC Porto está plasmada nas escolhas, como não podia deixar de ser - imposições da tabela classificativa -, mas a razão dos votantes não esqueceu quem esteve à volta de benfiquistas e portistas. Para os eleitores, foi evidente que a melhor orquestra seria aquela que reunisse os principais solistas dos emblemas dominantes das últimas décadas em Portugal, mas para funcionar em pleno precisava de um maestro de fora. Bruno Fernandes foi o escolhido. Com todo o mérito.
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O capitão do Sporting assinou uma temporada fantástica em 2018/19 e continuou a brilhar na nova época. Ninguém melhor do que ele poderia reger as sinfonias desta orquestra imaginária. E, se, por absurdo, fosse possível reunir este onze na mesma vontade, assistiríamos a um recital de sonho. E seria mesmo de aproveitar agora, pois quem sabe se Bruno Fernandes ainda por cá andará no final do mês? Nem o próprio o garante, conforme se percebe lendo as duas páginas seguintes.
De resto este é um onze de craques. Atente-se nas listas de suplentes por cada posição e percebe-se a riqueza do plantel. E todos sabem como as últimas memórias são determinantes no momento de votar. Uma lesão pode roubar um lugar.
Dupla da Seleção e Marchesín atrás
A vontade dos leitores é soberana e também muito ajustada ao que tem sido a realidade do futebol português. Atente-se na dupla de centrais mais votados. Que melhor homenagem poderia ser feita às opções de Fernando Santos na Seleção Nacional? As escolhas do selecionador são coincidentes com as das maioria dos votantes de O JOGO e no lote de elegíveis havia até internacionais de outros países. Pepe e Rúben Dias são aqui uma dupla fictícia, mas já todos vimos como funcionam bem com o escudo ao peito.
Fazer de Marchesín o melhor guarda-redes da I Liga, tendo apenas jogado metade do ano civil, também não surpreende. A doença de Casillas criou um problema tremendo ao FC Porto e resolvê-lo a contento seria sempre uma vitória para os portistas; consegui-lo com um jogador que vale pontos tem ainda mais impacto. O argentino foi mesmo uma contratação de peso.
Por entre outras escolhas mais ou menos esperadas, mais voto menos voto, também merece destaque a presença de Carlos Vinícius na liderança do ataque desta equipa do ano 2019. O benfiquista já era conhecido do futebol português. A época feita ao serviço do Rio Ave transportara-o para um patamar superior, mas não deixa de ser notável chegar ao Benfica e em pouco tempo suplantar Seferovic, um dos homens do título.