Rodagem de sete épocas na Alemanha joga a favor do lateral-esquerdo contratado pelo FC Porto ao Bayer Leverkusen, diz Carlos Leal. Heiko Herrlich, ex-treinador, aponta a melhorias defensivas.
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Inscrito esta semana na Liga, Wendell espreita a estreia pelo FC Porto, no sábado, frente ao Arouca.
A experiência de sete épocas na Bundesliga é um argumento a favor do brasileiro e até o concorrente direto, Zaidu, pode beneficiar disso.
Afinal, Wendell também teve dores de crescimento e a necessidade de corrigir comportamentos para não comprometer a equipa. O enquadramento foi feito a O JOGO por Carlos Leal, diretor desportivo do Arminia Bielefeld, e Heiko Herrlich, ex-treinador do Bayer Leverkusen que orientou o lateral-esquerdo por duas épocas. "Foram muitos anos a jogar num clube que luta sempre pela Champions num grande campeonato, algo que tem um enorme impacto na evolução dos jogadores", explica o dirigente, numa evolução que poderá incutir em Wendell uma espécie de segunda missão no balneário portista: a de mentor de Zaidu. "É muito importante para um clube ter jogadores experientes que possam ajudar os mais jovens. O Zaidu até pode sentir-se melhor, por haver alguém que lhe dá uma certa segurança. É a chamada competição saudável, que, inevitavelmente, obriga o jogador mais jovem a crescer. Pode ser uma peça-chave para o Zaidu", acrescenta Carlos Leal.
Porém, não se pense que Wendell já atingiu o pico das capacidades. Aos 28 anos, há margem para progressão, frisa Heiko Herrlich. "Ir para o FC Porto foi um grande passo. Ainda tem tempo para crescer e tem a mentalidade certa, espírito coletivo. O maior problema do Wendell é a regularidade. Esforça-se pela equipa, mas precisa de mais disciplina e concentração a nível defensivo", aponta o ex-internacional alemão, que detalhou os conselhos que dava ao reforço portista: "No um contra um, dizia-lhe para travar e esperar pelo colega de equipa. Não podia ser tão precipitado a defender. Ir logo para cima, às vezes, não é mau, mas é preciso cuidado", ressalva Herrlich, com elogios para a parte ofensiva: "Quando atacava, colocava os avançados em boa posição."
Leal também vê em Wendell um jogador com "muito impacto no último terço", sem "descurar o aspeto defensivo", mas, tal como Herrlich, crê que ainda pode adquirir "robustez". "Um jogador à Porto tem de ter muita raça e capacidade física. Com Sérgio, vai melhorar esse aspeto", antevê, em linha com o que Sérgio explicou antes do último jogo: ainda havia trabalho físico para fazer com o jogador.
O "não" ao PSG e o "bom rapaz"
Wendell assinou pelo Bayer Leverkusen em 2014, mas só entre 2017 e 2019 foi orientado por Herrlich, atualmente sem clube. Em conversa com O JOGO, o técnico alemão recordou o "assédio" do PSG ao lateral-esquerdo, no verão de 2018, prontamente travado por... falta de opções. "Comigo, Wendell jogava sempre, também porque não tínhamos alternativa. Chegou a haver interesse do PSG, em 2018, mas impedi a saída, porque era a minha opção para a esquerda. Não houve proposta oficial, mas o interesse foi real", contou Herrlich, que aproveitou ainda para fazer um pedido: "É um bom rapaz e adoro-o. Se conseguirem, transmitam-lhe isso!"