Avançado saltou do banco pela 25.ª vez na Liga e marcou. Quem conhece o técnico frisa o peso da sua psicologia.
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Raúl Jiménez voltou a saltar do banco de suplentes frente ao Feirense e instantes depois marcou o golo que permitiu ao Benfica desmanchar o persistente 0-0. Numa tarde/noite onde Jonas não foi o salvador, coube ao mexicano apresentar serviço e pela primeira vez em 2017/18 ter peso decisivo na conquista de pontos na Liga. Com Jiménez vítima da regularidade de Jonas e do 4x3x3, vem cabendo a Rui Vitória manter os índices de foco e motivação do camisola 9. Quem o garante é quem trabalhou sob as ordens do atual treinador das águias e que, ao mesmo tempo, na sua carreira também passou por uma época em que foi suplente utilizado em... 27 encontros: Carlos Saleiro. A O JOGO, o antigo avançado do Sporting recordou não só aquela temporada de 2010/11 mas também a preponderância que a psicologia de Rui Vitória tem na gestão dos seus balneários, ele que foi seu pupilo no Fátima. "É um treinador de envolver, sabendo gerir quem joga e quem fica de fora. O Rui Vitória nunca deixa cair ninguém e, também por isso, consegue ter com ele 99,9 por cento dos plantéis, o que não é coisa fácil. No Fátima, todos se sentiam bem porque o Rui Vitória fazia essa boa gestão, acompanhando de perto todos os jogadores, preocupando-se e dando muito apoio psicológico. No Benfica, estará a conseguir fazer essa gestão com o Jiménez, o que ajuda a explicar o seu rendimento quando salta do banco", elucida Saleiro. Jiménez, recorde-se, tem agora 26 jogos na Liga, sendo 25 como suplente utilizado, e quatro golos marcados.
Já quanto ao que sente um jogador sucessivamente relegado para a condição de suplente ou de "arma secreta", Carlos Saleiro fala de uma situação dramática. "É complicado... Na altura [no Sporting] entrava a cinco ou dez minutos do final e até participei em mais jogos do que na época anterior. Mas a partir de certa altura vai-se tornando difícil gerir essa situação semana após semana. Quando não merecemos uma aposta do técnico, acabamos por ir animicamente abaixo, visto que nos sentimos menos úteis", afirma o ex-atacante, que lembra a importância da confiança no desempenho dos responsáveis por fazer golos. "No caso particular dos avançados, ter confiança alta é essencial para se aproveitar as ocasiões que apareçam. Como suplentes utilizados, temos menos tempo para marcar e as oportunidades também são mais escassas", explica Carlos Saleiro. Mas em ano de Mundial, Jiménez até pode estar a ter mais uma motivação: "Mesmo não sendo um titular, isso pode ser um fator que ajuda a manter o foco de concentração alto e num objetivo claro."