A comunicação ganha jogos? Peseiro falou em "dinheirinho" e Couceiro em "desigualdade"
José Peseiro e José Couceiro juntaram-se a directores de jornais e de comunicação para debater um jogo à margem do que se joga no relvado, no XIV Congresso Internacional de Futebol do ISMAI.
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Depois de toda uma época a ouvir os diretores de comunicação dos clubes candidatos ao título, à margem do campeonato jogado dentro das quatro linhas, "A arte de comunicar" foi tema para uma mesa redonda no XIV Congresso Internacional de Futebol do ISMAI, que arrancou esta segunda-feira, na Maia. Treinadores, directores de jornais e um director desportivo agarraram a plateia de treinadores e estudantes com abordagens distintas a este fenómeno. Manuel Queirós, jornalista e presidente do CNID, deu o pontapé de saída: "A comunicação ganha jogos?" Depois daquilo a que se assistiu nos últimos meses, com a máquina dos emblemas mais poderosos, José Peseiro admitiu que a classe "tem de começar a gastar um dinheirinho", para se defender no campo mediático, sob pena de, nos piores momentos, os treinadores serem "ainda mais bestas e culpados", perante uma "força exacerbada".
Ao lado dele, José Couceiro concordou que a desigualdade de forças apontada no "micro-sistema" que é o futebol apenas traduz macro-esquema da sociedade atual, dominada pelos "grandes grupos económicos" e respetivas estratégias para, desde há muito, "controlar a comunicação". "O poder económico é o máximo decisor", afirmou o treinador que orientou o Vitória de Setúbal numa temporada em que a descida de divisão foi evitada, também, à custa da eficácia da comunicação, mas numa outra vertente.
Couceiro abordou a vertente da "comunicação interna", que se faz através de todos os canais do clube, com um único objetivo: "A mim, preocupa-me tudo o que possa influenciar o rendimento de um jogador". Internamente, gerir a informação tem de ser, contudo, um processo limpo. "Nada de bufaria", ressalvou, repetidamente, José Couceiro. "Tenho de obter essa informação sem quebrar esses laços internos. Vou-vos dizer, o Vitória de Setúbal safou-se muito à conta disso, dos laços que já vinham até do ano anterior", garantiu.