O antigo presidente Carlos Barbosa está decidido a voltar ao cargo para devolver o clube ao projeto de crescimento que considera desvirtuado pelos ex-companheiros de executivo que lhe sucederam
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O sentimento de "revolta" perante a "incompetência" dos antigos companheiros do elenco diretivo levou Carlos Barbosa a disputar o regresso à presidência do Paços de Ferreira, clube que, até hoje, só conhecera listas consensuais. As eleições são amanhã e o candidato da Lista B conta o que pretende e o que o separa dos adversários, o atual presidente, Paulo Meneses (Lista A) e Rui Seabra, líder da sociedade que gere o futebol.
O que o levou a candidatar-se contra a equipa com a qual obteve bons resultados?
O que me leva realmente a candidatar-me contra os meus antigos colegas de Direção é a incompetência com que estão a gerir o clube.
Acusa-os de falta de visão. É isso o que pode acrescentar?
Tenho uma visão geral, tanto empresarial como desportiva muito mais abrangente e perspicaz do que eles. Os resultados estão à vista. Tudo o que estão a fazer deve-se ao trabalho dos anos em que lá estive. Tinham lá, na altura, quem conseguia fazer mais sozinho do que eles todos.
O que é mais urgente?
A visão desportiva e a sustentabilidade do clube. Não posso crer nem admitir que, com dois presidentes - um sempre ausente, outro que pouco percebe - estejam umas obras por acabar há três anos; que haja obras em curso sem acabar as que estão começadas; e não vejo projeto desportivo para o futuro. Basta ver a questão dos empréstimos, o que têm gerado para o clube.
Como se podem rentabilizar?
Não sou contra as cedências. Sou contra a forma como têm sido contratados os jogadores emprestados. Além de, desportivamente, não terem sido, por enquanto, uma mais-valia, nem desportiva nem financeira, a terem que vir, têm de ser jogadores muito acima da média, titularíssimos, e que rendam alguma coisa para o clube. Os da atual Direção, até ao momento, não renderam um cêntimo ao clube e só geraram despesa. Podem render com a partilha de passe. O Paços de Ferreira é um clube vendedor e não pode ser barriga de aluguer. Terá sempre de arranjar formas de partilhar os passes e não ter os jogadores apenas emprestados.
Estas têm sido épocas serenas para o Paços de Ferreira. Seria mais fácil querer mudar um clube aflito. A tranquilidade pode ser sua adversária ou acha que a equipa podia ter feito melhor?
Nós não nos podemos acomodar. Quando há um projeto, normalmente, não é ao fim de um ou dois anos que as coisas se desmoronam. O que vem a seguir, e isso é que me preocupa, é que não vejo projeto e temo pelo futuro do Paços, porque nada está a ser feito para a sustentabilidade e a projeção do clube, nos próximos anos. Não adianta estar a fazer obras sem estarem acabadas, sem serem rentabilizadas, e não vejo progressos na gestão desportiva, em todos os escalões. Não vejo melhorias e tem havido desmazelo nesse tipo de contratações.
Por que deixou de haver condições para serem todos uma equipa?
Deixou de haver condições porque eu tinha umas ideias muito mais válidas para o clube; sempre tive um programa de crescimento sustentado para o clube e foi visível com a construção da nova bancada, com os dinheiros que foram sempre bem investidos para remodelar o estádio e fazer crescer o clube. A partir do momento em que vejo pessoas ligadas à Direção que tentam desviar negócios de sustentabilidade que temos apalavrados ou bem encaminhados para irem para as nossas instalações; em que vejo que as pessoas põem os interesses pessoais à frente dos do clube, daí a minha revolta. Não estão a fazer um bom serviço ao clube.
Rui Seabra devia afastar-se?
Uma vez que foi parte envolvida nos assuntos que diriam respeito ao Paços e não a ele, mas que foram passados para o pai dele, devia ter posto o lugar à disposição. Para não haver conflito de interesses. Esclarecia a coisa melhor, não andando em sessões de esclarecimento com mentiras pelo meio. Toda a gente sabe que é verdade aquilo que se passou. Uma vergonha.