ENTREVISTA >> André Franco assinou pelo Estoril no verão de 2018. Já realizou 48 jogos pela equipa principal dos canarinhos e apontou nove golos. Recentemente, renovou contrato com os estorilistas até 2023.
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André Franco tem sido a figura do Estoril neste início de temporada. Com cinco golos e duas assistências, o médio-ofensivo, de 23 anos, está a atravessar o melhor momento de uma curta carreira, que até podia já ter terminado de forma precoce. A O JOGO, além de analisar o bom momento pessoal e coletivo, o criativo recordou o período em que ficou um ano sem jogar, depois de terminar a formação no Sporting, e no qual pensou desistir do futebol.
Como tem visto o início de época?
-Tem sido muito positivo. Aliando o coletivo ao individual, este é um bom arranque, com golos e assistências.
É o seu ano de estreia na Liga Bwin. Esperava que corresse tão bem?
-Pensava que era possível fazer o que estou a fazer, fui trabalhando dia após dia e sentindo uma evolução no jogo. Penso que isso tudo fez-me ganhar o meu espaço para efetuar estas boas exibições.
Já apontou cinco golos, mais do que nas temporadas anteriores. Qual tem sido o segredo?
-O segredo é jogar mais perto da baliza. Alguns treinadores já me tinham alertado para esse facto, de não fazer tantos golos, porque um médio com as minhas características tinha de ter melhores números de finalização. Corrigi um pouco esse aspeto e, felizmente, está a correr bem. Os penáltis, já marquei dois, também ajudam a aumentar os números. Muitos pensam que bater um penálti é sorte, mas requer competência.
Chegou ao Estoril em 2018, depois de um ano sem jogar. Sente que o clube lhe salvou carreira?
-Vou estar eternamente agradecido ao Estoril, numa altura que ninguém me queria foi o Estoril e o Pedro Alves [diretor desportivo) que me resgataram e salvaram-me a carreira. Disseram-me que era minha última oportunidade. Não podia desperdiçar.
Por que razão esteve um ano parado?
-Fiz formação no Sporting e, no último ano de juniores, em 2017, tinha opção para renovar por três anos, mas não foi acionada. Fiquei um jogador livre e o objetivo era jogar numa equipa de sub-23 de Itália. Chegou ao dia 31 de agosto, por algum motivo o negócio não avançou. Depois, tentei jogar no Campeonato de Portugal, mas, em conversa com o meu empresário, considerámos que era melhor esperar por janeiro para tentar novamente ir para Itália. Voltou a não acontecer, ainda estive dois meses nos Estados Unidos, numa equipa da II Divisão, e, devido à limitação de estrangeiros, acabei por não ser inscrito. Voltei para Portugal e, felizmente, o Pedro Alves ligou-me.
Pensou em acabar a carreira?
-Sim e pensei arranjar outro trabalho. Não tinha vontade de fazer nada. É uma situação profissional que também afeta a vida pessoal. Sentia-me inútil, levantava-me de manhã e não tinha nada para fazer. Não foi positivo, mas estas situações servem de aprendizagem para saber o que não quero que aconteça na minha vida.
E o que aprendeu com essa situação?
-Aprendi que temos de lutar muito por aquilo que queremos, ser ambiciosos e não desistir dos nossos sonhos. Não desejo isso a ninguém. O que me aconteceu serve de alerta para os jovens jogadores. Por vezes, há talentos que se perdem por causa destas situações.
Qual era o plano B caso deixasse de jogar?
-Pensei em voltar a estudar e fazer algo relacionado com o futebol, principalmente na área do treino, que é a minha vocação.
O médio é o marcador de penáltis do Estoril, situação que o ajuda a aumentar o número de golos. "Já marquei dois e é bom ter essa confiança. Não é sorte, mas competência."
"Joãozinho já me deu bons conselhos"
André Franco vê no lateral-esquerdo Joãozinho, capitão do Estoril, uma extensão do treinador dentro de campo. "Há uma simbiose perfeita entre o nosso capitão e o mister Bruno Pinheiro, este que não é uma pessoa de chamar à razão de forma agressiva. Por vezes, é mais o Joãozinho que nos chama à razão dessa forma, mas é algo positivo", descreve o médio, que tem uma relação especial com o defesa: "Moramos perto um do outro e costumávamos ir juntos para o treino. É alguém que já me deu bons conselhos e ajuda os mais novos a evoluir."