
Miguel Pereira/Global Imagens
É uma das surpresas da época após ter agarrado a baliza do Vitória de Guimarães com 20 anos. É o novo ídolo dos adeptos
Se há um ano Miguel Silva tivesse pedido como desejo natalício jogar na primeira equipa do Vitória, o mais certo seria ninguém, ou quase ninguém, acreditar nessa possibilidade. Se calhar, até a começar pelo próprio. Mas há cerca de um mês, a conjugação da lesão de Assis, o habitual suplente, com a vontade de Sérgio Conceição mudar de guarda-redes, tirou o jovem de 20 anos do anonimato e colocou-o na baliza de um dos mais exigentes clubes portugueses, passando de recente aposta dos bês para número um da equipa principal, à frente do até aí totalista Douglas. De há um mês para cá, apesar de oito golos sofridos, Miguel Silva cultivou uma rápida empatia com os adeptos, não só pelas defesas, mas sobretudo pela forma como tem interagido com as bancadas.
Se esta parte do percurso até pareceu fácil, o início de carreira esteve longe de o ser. Natural de Santa Eufémia de Prazins, uma freguesia de Guimarães, em 2008 Miguel Silva foi às captações do Vitória, mas não convenceu totalmente os responsáveis técnicos. O melhor que conseguiu foi ficar com o rótulo de "jogador a acompanhar". Tinha 12 anos e foi dispensado, continuando a jogar no Ponte, passando para o Vizela um ano depois até Luís Esteves, ex-treinador de guarda-redes do Vitória que entretanto regressara ao clube, o chamar com 17 anos, para a equipa de juniores. "Estamos agora a falar do Miguel Silva como podíamos estar a falar de um outro Miguel, como o Palha ou o Oliveira, ou até de outro nome que esteja na formação do Vitória. Isto é um trabalho de anos, que não apareceu do nada. Tudo isto estava planeado há algum tempo, desde a altura em que foi criada há quatro anos a Academia de guarda-redes do Vitória. O objetivo era colocar num curto espaço de tempo guarda-redes da formação no plantel sénior. Isto é uma vírgula, não é um ponto final", explicou Luís Esteves.
A chegada do jovem à equipa principal só foi possível graças a muito trabalho invisível, ainda de acordo com Luís Esteves, e à política seguida pelo clube no que diz respeito a contratações para a baliza. "Temos que dar valor a dois jogadores, que são o Douglas e o Assis. Embora não pareça, tiveram, e têm tido, um papel preponderante no aparecimento do Miguel Silva. Deram tempo para que os guarda-redes da formação pudessem crescer, dando-lhes experiência. Foram dois excelentes professores. O ponto essencial é mesmo este: devido à qualidade do Douglas e do Assis não foi necessário contratar outros guarda-redes durante os últimos anos, fazendo com que os da formação tivessem tempo para crescer", faz notar o ex-responsável pelos guarda-redes do Vitória, convencido que a equipa estaria no mesmo patamar caso Douglas, ou Assis, continuassem como opções iniciais, porque "sempre deram garantias" ao longo das últimas épocas. "O Miguel aproveitou uma lesão do Assis e houve espaço para aparecer outro guarda-redes. O Vitória está muito bem servido na formação e o futuro vai ser risonho", frisou Esteves.
