"O que aconteceu é dramático, mas nós cá estamos para ter forças e levantarmo-nos"
Eduardo Mendes, médico nascido e criado na cidade, dá voz à recuperação. Há um "toca a reunir" no finalista da Taça de Portugal e entre os adeptos que já lotaram 20 autocarros. O médico ortopedista, responsável pelo departamento clínico do Tondela, fala de um cenário "dramático" após a despromoção, mas garante ter jogadores "resilientes", com "vontade férrea" de erguer a Taça.
Em contagem decrescente para a inédita festa da final da Taça de Portugal, frente ao campeão FC Porto, o Tondela, recém-despromovido à Liga SABSEG, vive uma montanha russa de emoções. Eduardo Mendes, médico responsável pelo departamento clínico do clube há 11 anos, não esconde a tristeza da despromoção, mas garante que, domingo, todos darão uma boa resposta.
"A minha experiência no Tondela enche-me de muito orgulho e, neste momento, quero muita dignidade. O que aconteceu é dramático, mas nós cá estamos para ter forças e levantarmo-nos já no domingo", garantiu a O JOGO. "Ficámos muito tristes, mas com muita força para que, rapidamente, cheguemos onde merecemos. Esta força é a alavanca que temos, pensarmos no futuro do Tondela", adiantou.
A semana decorre entre treinos no relvado e diálogo construtivo. "Está a ser feito um trabalho a nível individual e coletivo, para recuperar a autoestima e a autoconfiança", explicou. "Para a carreira de um jogador esta final é um marco importante. Cada jogador terá essa vontade férrea de estar à altura. Os beirões e a Beira têm esta particularidade e nós temos que estar à altura. Temos a alma e a força do beirão", insistiu.
Desafiado a definir o perfil psicológico dos jogadores, o médico não hesitou: "Resilientes". "Têm esta capacidade e vão ter um valor acrescido, vão representar uma região e vão estar de alma e coração na final do Jamor. Temos de separar as coisas: o que aconteceu, aconteceu. Agora estamos focados neste feito inédito e importante para cada um deles e para o clube. Não tenho nenhuma dúvida que estão focados e que só pensam neste jogo e em vencê-lo", concluiu.
Os adeptos do Tondela já lotaram 20 autocarros para a final do Jamor.
O segundo da região na final
A AF Viseu rejubila com a primeira presença de um clube filiado na final da Taça de Portugal. É, no entanto, a segunda vez que um emblema beirão participa no jogo decisivo do Jamor. Na época de 1956/57, o Covilhã, que no final dessa temporada seria despromovido à II Divisão Nacional - perdeu a então liguilha com o Braga, disputada a duas mãos - foi finalista da Taça de Portugal, diante do Benfica.
O primeiro clube da região das beiras a atingir tal feito, que pertence à AF Castelo Branco, perdeu por 3-1, com os golos do Benfica a serem apontados por Salvador, José Águas e Coluna, enquanto Pires marcou o golo de honra dos serranos.