Afonso Moreira na pré-época do Sporting: "O irmão disse que o miúdo era um craque..."
Jogador de 18 anos vai fazer a pré-época no plantel de Rúben Amorim e O JOGO foi conhecer as raízes do extremo
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Afonso Moreira vai fazer a pré-temporada com a equipa principal do Sporting e promete ser mais um extremo de talento na formação leonina. Há seis anos nos leões, O JOGO descobriu as raízes do jovem de 18 anos e de quem o viu despontar num pelado em Lamego.
Despontou num pelado no Cracks de Lamego, foi cobiçado pelos três grandes, mas o Sporting deixou-o perto de casa para amadurecer, levando-o a torneios para somar prémios. Está motivado.
"O Afonso tinha oito anos, treinava numa escola perto e eu conhecia o irmão, o Rafael, que me disse que o miúdo era um craque. O Afonso morava na cidade, mas jogava numa freguesia perto. Era preciso termos competição e conseguimos. Foi difícil convencer o pai, porque só tínhamos um campo pelado. Felizmente, agora temos três sintéticos", conta a O JOGO Rui Santos, antigo coordenador do Cracks de Lamego, o clube que viu nascer para o futebol Álvaro Magalhães e agora o extremo leonino.
"Em quatro anos marcou mais de 200 golos. Teve a oportunidade de ir para o Benfica, FC Porto e Sporting"
"Mal ele pegou na bola, vimos que era diferente de todos os outros. Era mais novo um ano, mas era diferente de todos. O pai acreditou em nós, no nosso projeto. Fizemos pressão junto de toda a família [risos] e também tivemos a sorte de conhecer o irmão, o que foi uma mais-valia. Durante o tempo que esteve no clube jogou sempre um ano acima, na geração de 2004. Foram sempre segundos classificados na AF de Viseu", pormenoriza, realçando que cedo o miúdo destro, avançado desde sempre, chamou a atenção: "Em sub-12 teve a oportunidade de ir para o Benfica, FC Porto e Sporting. Havia muitos contactos. Em quatro anos marcou mais de 200 golos. O pai informava-nos de tudo e o Sporting teve a abordagem certa, porque o quis deixar ficar em Lamego a competir e só ia depois a torneios pelo Sporting. Ia e voltava o mesmo miúdo: focado, trabalhador, bom aluno e brincalhão. Criava bom ambiente para a equipa. Até levava colegas para casa dele no fim de semana para brincar. Na altura, todos admiravam o Neymar e ele tem um estilo parecido."
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Esta transição foi importante, porque Afonso ainda não tinha idade para morar na Academia. Antes de rumar a Alcochete para os sub-14, esteve na Cidade Universitária. "O Sporting identifica centenas de jovens espalhados pelo país. Os melhores vão treinar a Lisboa e eu era o treinador desse escalão. Tive a palavra afirmativa para ele entrar no Sporting. Primeiro, competia pelo Cracks e vinha disputar torneios connosco, depois ficou em definitivo já a partir dos 12 anos", lembra, Ricardo Damas, atual coordenador do scouting internacional do Braga, que liderou equipas de sub-10 e sub-11 do Sporting, sendo o primeiro treinador de Afonso nos leões. "Recordo-me que na captação deviam estar 60 atletas e destacou-se logo. A qualidade era evidente. Esperámos que a época acabasse para depois integrá-lo aqui em 2017, nos sub-13. Não tínhamos residência para ele e vimos que a família era estruturada. Fomos acompanhando o percurso dele no Cracks e tínhamos a preocupação de dar-lhe exercícios para ele ver como nós queríamos jogar. Tem uma personalidade forte e não acusava o facto de não estar sempre connosco. Quando vinha, jogava com naturalidade. Queria ser sempre o melhor marcador, queria fazer sempre melhor, mas era divertido e todos gostavam dele.
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Vincando que Afonso "nunca se colocou em bicos de pés", Ricardo Damas trata o ex-pupilo de forma personalizada. "Em todos os torneios, ganhou o prémio de melhor marcador. Um deles em Espanha. Comecei a chamar-lhe Pichichi, o nome de quem marca mais lá, e ficou. Ainda hoje o trato assim. Falamos regularmente. Está contente, muito motivado e predisposto a agarrar a oportunidade porque é um jovem muito competitivo", termina. "É aguerrido a defender e vai saber pressionar, mas vejo-o num dos lugares da frente. Só vê a baliza e vive bem perto da área. É um homem da casa. Abrimos-lhe a porta para ele se preparar agora para a pré-época", completa Rui Santos.