"Regressar ao FC Porto? Se não pensar nisso, não adianta estar a trabalhar no Brasil"
João Pedro garante a O JOGO que a passagem pelo FC Porto o fez evoluir e espera aproveitar o empréstimo ao Bahia para demonstrar que ainda vai a tempo de triunfar no Dragão.
Um ano depois de ter sido emprestado ao Bahia pelo FC Porto, João Pedro ainda alimenta o sonho de triunfar na Europa.
O lateral-direito concedeu uma entrevista exclusiva a O JOGO na qual recorda a passagem pelo Dragão, explica o impacto que a exigência de Sérgio Conceição teve na sua evolução como jogador e lamenta que a pandemia de covid-19 tenha vindo estragar uma época em que alimentava muitas expectativas. A adaptação de Corona a uma posição que podia ser dele e as possibilidades dos azuis e brancos conquistarem o título também foram temas de conversa com o brasileiro de 23 anos, que tem contrato com os portistas até 2023.
Como tem corrido o empréstimo ao Bahia?
-Até aparecer a pandemia estava a correr tudo bem, tudo tranquilo. Como cheguei a meio do ano passado, acabei por fazer vários jogos no meio-campo. Este ano não, já estava na lateral.
As expectativas eram maiores este ano?
-Sim. Até porque este ano consegui fazer a pré-temporada e, como tinha um ano de contrato, acreditava que ia jogar as competições todas. Infelizmente, surgiu a pandemia e parou tudo. Estamos agora a voltar aos poucos. Vamos ver como será o futuro, porque com esta crise nunca mais pensei nisso.
Já voltaram a treinar?
-Sim. Tem sido um regresso devagar, porque no Brasil ainda não há datas para os jogos. Não adianta estar a fazer treinos muito fortes, caso contrário fica-se muito tempo a treinar dessa forma. Mas estou a sentir-me bem, porque vinha trabalhando em casa.
No ano passado chegou a fazer um golo ao Goiás. Consegue descrever a jogada?
-Foi numa partida em que joguei no meio-campo. Recebi a bola fora da área, rematei com o pé esquerdo. O golo alimentou a nossa esperança de empatar, porque estávamos a perder e ainda faltavam alguns minutos, mas infelizmente não deu.
Ficou desiludido por não ter feito a pré-época no FC Porto antes de ser emprestado ao Bahia?
-Não. Tenho muito respeito pelo FC Porto, ainda tenho contrato com o clube e não posso dizer que tenha ficado desiludido. Faz parte da nossa carreira.
Chegou à Europa com muitos sonhos. Por que motivo as coisas não correram como queria?
-Ainda não descartei esses sonhos. Eles mantêm-se vivos na minha cabeça e acredito que ainda posso voltar para dar continuidade ao sonho. Não vejo isso pelo lado negativo.
O sonho passa pelo regresso ao FC Porto?
-Claro. Tenho de pensar que posso triunfar no clube. Se não, não adianta estar aqui a trabalhar e a jogar.
Sente que é um jogador diferente depois da época que passou em Portugal?
-Sim, sinto. Mais pelo lado da experiência que ganhei, porque foi uma experiência muito boa. A exigência de Sérgio Conceição e de um clube como o FC Porto ajudaram-me a melhorar em relação ao que era quando fui para Portugal.
E do ponto de vista técnico e tático?
-Sinto que fiquei mais forte em tudo o que diz respeito à parte defensiva: abordagem aos lances, posicionamento... tudo. O Sérgio Conceição era muito exigente, mas não foi só comigo; foi com todos os jogadores, porque ele pede sempre o máximo de cada um.