Faltaram golos ao FC Porto numa liga em que o avançado mais eficaz foi só o 12.º do campeonato. Marega foi quem mais quebrou.
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Os 26 remates do FC Porto na final da Taça de Portugal não chegaram para terminar a época a festejar. O Sporting precisou apenas de 11 para marcar os mesmos dois golos no tempo regulamentar do que os dragões, numa lição de eficácia a que, na verdade, os portistas já estavam bem habituados.
Os dois últimos clássicos foram sintomáticos: 50 remates para o FC Porto, apenas 13 para o Sporting. Em golos ficou 3-2.
Aliás, nem é preciso recuar muito. E os clássicos de 2018/19 são sintomáticos a esse nível: nos quatro de campeonato, o FC Porto disparou mais em três deles e só ganhou um. Foi o da última jornada e mesmo assim precisou de 24 disparos para fazer dois golos, quando ao Sporting bastaram dois para acertar um.
É difícil apontar responsabilidades diretas, mas ao FC Porto faltaram avançados com a definição dos titulares dos rivais. Soares, o melhor a esse nível, precisou de quase seis remates por jogo para marcar. Seferovic, o melhor marcador do campeonato, celebrou a cada três remates.
No ranking final de eficácia, que O JOGO lhe apresenta em cima, é possível encontrar mais dois benfiquistas muito bem colocados: João Félix e Jonas. E só há um jogador do Sporting (Bas Dost), porque Luiz Phellype chegou tarde e, para efeitos de pesquisa, consideramos apenas os jogadores que participaram em pelo menos metade das 34 jornadas da liga.
Na lista apresentamos apenas os avançados mais eficazes do campeonato, mas se abríssemos espaços a outras posições, o mais eficaz continuaria a ser do Benfica: Rafa. No FC Porto passava a ser Brahimi, mas à rasca: 18,6%.
Na lista individual, o Benfica tem três avançados mais letais do que o melhor portista
Tiquinho Soares, que com 22 golos foi o melhor marcador do FC Porto esta temporada (Marega fez 21), é apenas o 12.º classificado entre os avançados da I Liga e este é um dado muito relevante, tendo em conta que a norma aponta aos principais clubes os avançados que melhor definem em frente à baliza. Nos grandes campeonatos europeus, as exceções são Iago Aspas (Celta de Vigo, Espanha) e Mattia Destro (Bolonha), embora ambos sejam já internacionais pelos respetivos países.
Ainda em matéria de avançados, Marega foi quem mais quebrou de um ano para o outro. Em matéria de eficácia baixou de quase 25% em 2017/18 (um golo a cada quatro remates) para 13,6% em 2018/19, o que significa que nem sete disparos bastaram para que fizesse um golo na I Liga. A segunda volta foi, a esse nível, terrível.
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Aboubakar: o melhor esteve fora de cena durante sete meses
A grave lesão de Aboubakar foi um revés que não teve solução, embora os números de Marega e Soares na época passada assegurassem tranquilidade.
Em matéria de eficácia, no entanto, o camaronês termina como o melhor portista, único cuja taxa permitiria entrar no top 5 da liga, próximo de Bas Dost e Seferovic. Mas, claro, tinha de confirmar os 26,7% de acerto nas 26 jornadas em que ficou de fora.
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Campeão é face real da boa pontaria
No resumo global da época, o FC Porto marcou praticamente o mesmo número de golos da época passada. No campeonato notou-se diferença: 74 golos em 2018/19 contra 82 em 2017/18. Quem sabe o que oito golos a mais poderiam ter valido? Na realidade, é impossível adivinhar, mas é aceite de forma mais comum que o grande impulso que Bruno Lage deu ao Benfica teve muito a ver com a fartura de golos na segunda volta do campeonato.
No total, o Benfica marcou 103 golos contra 74 do FC Porto e isso fez a diferença. Consequência de um caudal ofensivo muito diferenciado? Não. Os dados Wyscout, que recolhem um índice de golos esperados em função do que as equipas produzem, dizem que o Benfica deveria ter marcado 72 golos e o FC Porto 69. A diferença real não foi de três tentos, mas de 29...
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