Tratamento à Porto encantou Futre: "Se voltas a tocar no miúdo, vou matar-te"
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foto EPA
Antigo extremo recordou a exigência e o espírito de missão de uma geração vencedora.
Paulo Futre recordou com nostalgia o ambiente que encontrou no FC Porto, uma mistura de exigência e companheirismo. Em entrevista ao programa "Hora dos Craques", apresentado por Maniche e Miguel Marques Monteiro, no Porto Canal, o criativo que vestiu de azul e branco entre 1984 e 1987 explicou o que achava ser apenas proteção.
"Quando os defesas vinham para cima de mim, vinha a equipa toda. "Se voltas a tocar no miúdo, vou matar-te". Numa quarta-feira à noite fiz uma festa e de manhã não me mexia. Três ou quatro vieram para cima de mim e disseram-me: "Se voltas a chegar a três dias do jogo desta maneira, vamos matar-te". Disseram a mim o mesmo que diziam aos defesas. Um dia, o Lima Pereira levou-me a almoçar e perguntou-me porque é que eles me faziam aquilo. Disse-lhe que era para me proteger. E ele diz: "Achas que é por ti? Se vamos ter com o defesa e o matamos, se te dizemos para te portares bem e não saíres à noite, não é por ti. É pelo Futebol Clube do Porto"", contou.
Futre foi um dos campeões de Viena, mas uma derrota na Covilhã, que até nem impediu o título em 1985/86, marcou-o. "Se não ganhavas ou mesmo um empate, por muito sol que estivesse, a cidade chorava. Foi onde me senti pior numa derrota. Era a última jornada da primeira volta. Um frio tremendo. O jogo seguinte era na Luz. Ao intervalo, estávamos a perder 1-0 e, num balneário pequeno, o Artur Jorge mandou o chá quente para cima de nós todos. Foi a primeira e última vez que joguei de collants. Perdemos e naquela viagem para o Porto não se ouviu um mosquito", lembrou.
A confiança de Pinto da Costa e Pedroto. Os conselhos de Inácio: "Vou com o presidente a casa do senhor Pedroto, já estava muito doente. Tal como o presidente, também me disse que ia ser eu e mais dez, também me tinha visto jogar. O presidente mandou-me ir jantar a casa do Inácio, com o Álvaro Braga. Inácio diz-me 'Ouve lá uma coisa, somos os dois de Lisboa, no balneário não podemos estar muito tempo a falar os dois, senão ainda pensam que somos um grupo'. E éramos só dois..."
O toque diferente dos adeptos portistas: "Os adeptos do Sporting também querem ganhar os jogos, mas na parte do autógrafo era 'por favor e boa sorte para domingo'. No norte a mesma coisa, mas a parte final era 'temos de ganhar no domingo, carago'. Parece igual, mas há uma diferença enorme."